Tribos
- Direção: Ulysses Cruz
- Duração: 80 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Na comédia dramática Vermelho (2012), Antonio Fagundes apresentou o filho Bruno oficialmente ao público. Naquela trama, um consagrado artista plástico e o jovem assistente viviam conflitos, em um inevitável jogo de espelhos. Menos de três meses depois do fim da turnê do espetáculo, a dupla estreou a perturbadora e divertida comédia Tribos, escrita pela inglesa Nina Raine e dirigida por Ulysses Cruz. Está explícito que a energia juvenil de Bruno contaminou o pai a ponto de fazê-lo apostar em uma encenação moderna, com um elenco numeroso e sem protagonismos, capaz de dialogar com diferentes gerações. Billy (papel de Bruno) nasceu surdo em uma família pouco convencional em que todos podem ouvir. Os pais politicamente incorretos (vividos por Fagundes e Eliete Cigaarini) o criaram em um casulo e não se conformam com a dependência dos outros dois filhos (Guilherme Magon e Maíra Dvorek). A situação se desestabiliza de vez quando Billy se apaixona por Silvia (a atriz Arieta Corrêa), uma garota que começa a ensurdecer depois de adulta. Com diálogos afiados e repletos de acidez, o texto é estruturado em nove cenas que abordam a surdez metafórica nas relações pessoais. Como sempre, Fagundes brilha ao aproveitar o histrionismo do personagem, e Bruno mostra potencial na pele do deficiente auditivo em busca de identidade. Sobressai também Guilherme Magon. O ator investe em uma sutil interiorização para fortalecer o irmão deprimido de Billy. Estreou em 14/9/2013. Até 13/12/2015.