CCBB traz 75 obras de Paris para a mostra “O Triunfo da Cor”
Van Gogh, Gauguin, Toulouse-Lautrec e Cézanne são alguns dos nomes presentes na exposição que vai até quinta (7)
Quatro anos após a exposição dos impressionistas no Centro Cultural Banco do Brasil, que se tornou a terceira mostra mais vista do planeta em 2012, a instituição inaugurou, em maio, a mostra O Trinfo da Cor, em cartaz até a próxima quinta (7). Realizada novamente em parceria com o Museu d’Orsay e com o Museu l’Orangerie, de Paris, o CCBB apresenta 75 telas das duas instituições, donas das melhores coleções de obras feitas na Europa no final do século XIX e começo do XX.
Van Gogh, Gauguin, Toulouse-Lautrec, Cézanne, Seurat e Matisse são alguns entre os 32 mestres reunidos no espaço. Na continuação da mostra Impressionismo: Paris e a Modernidade, esta segunda edição apresenta, agora, trabalhos do pós-impressionismo. A diferença é singela: se no impressionismo a ideia era representar o que o artista sentia perante a paisagem, o mérito do pós-impressionismo era dar ênfase na cor para revelar sentimentos. O movimento também teve um facilitador bem prático: o boom da indústria química, que possibilitou a criação cores sintéticas nunca produzidas até então.
Verdes, laranjas, azuis e vermelhos vibrantes integram telas acachapantes na curadoria assinada pelo presidente e pela curadora do Museu d’Orsay, Guy Cogeval e Isabelle Cahn, e pelo diretor cultural da Fundácion MAPFRE, Pablo Jiménez Burillo. No título da mostra, O Triunfo da Cor, a equipe francesa deixa clara a mensagem que quer transmitir aos visitantes: mostrar como os artistas ali representados revolucionaram a pintura a partir de sua nova paleta de tintas.
No primeiro andar da mostra, o visitante se depara com o deslumbrante quadro intitulado Fritilárias coroa-imperial em vaso de cobre, de Van Gogh. A tela marca a chegada do holandês na França, em 1886, que se impressiona com a diversidade de cores vivas usadas pelos pintores locais e se desprende do uso das tonalidades de preto e marrom.
Olivier Simmat, diretor de relações internacionais do d’Orsay, explica o tema A Cor Científica, abordado no conjunto de quadros localizados no terceiro e quarto andares: “O artista pesquisava e produzia cores como se fosse um cientista e, seu ateliê, um verdadeiro laboratório”. O grande círculo cromático na entrada da mostra faz referência à esse estudo extenso feito pelos artistas.
Para entender melhor, é só pensar no pontilhismo: tem coisa mais difícil do que construir uma imagem apenas com pontos de cor? Hoje em dia pode parecer simples, se pensarmos na imagem digital, construída a partir de pixels. Mas, Paul Signac, por exemplo, construiu, em telas como Mulheres no poço ou Jovens provençais no poço, grandes imagens apenas com (milhares de) pinceladas. A ideia é que elas se misturassem no olho do espectador.
+ Exposições em cartaz na cidade
Em outro módulo, o grande protagonista é Paul Gaguin e o uso excessivo – e quase violento – da cor em seus quadros. Na procura pela natureza, o francês se muda para a Bretanha nos anos 1880, e se instala no vilarejo de Pont-Aven. Com os jovens artistas dali, começou a representar seu mundo interior em paisagens coloridas. Ao lado de outros artistas pós-impressionistas, ele sabia estar fazendo algo inovador: alguns, até, se auto-denominavam profetas da arte. O terceiro módulo reúne obras destes profetas, os chamados Nabis, que encaravam a cor da sua pintura como algo sobrenatural. Mesmo assinados por nomes menos conhecidos por aqui – como Denis, Vuillard, Maillol e Vallotton – os trabalhos são igualmente belos.
No quarto módulo, A cor e a liberdade, aparecem obras de Gauguin, Cézanne e Matisse. É um acontecimento que cinco obras de Gauguin, feitas no período em que passou no Taiti, sejam vistas fora de seu museu-sede. Era comum que suas telas, como Mulheres do Taiti, feita em 1891, fossem compostas com materiais de baixa qualidade, o que as torna frágeis e, seu transporte, perigoso.
O público brasileiro corresponde a 3% do número total de visitantes internacionais do d’Orsay, por isso é tão necessária a notoriedade da instituição por aqui: “Desejamos que os brasileiros que cheguem na frança já conheçam a sua coleção”, conta Olivier. “Por outro lado, nem todos os brasileiros podem ir até Paris, por isso dividimos nosso acervo com quem não pode se deslocar”, afirma.