Festas Juninas viram balada com cardápio sofisticado
Expressões como "open food" (comida liberada) e "ingressos antecipados" aparecem na língua dos organizadores
Não era uma quermesse qualquer. Ali os sandubas ganhavam sugestões de “harmonização” com cervejas especiais. O quentão inexistia — o público enchia o copo com uísque Red Label. A barraca de pescaria parecia estar às moscas, enquanto a pista bombava ao som de MPB e funk carioca. Foi assim a primeira edição do Arraiá do SK, que no sábado (30) reuniu 800 pessoas na Chácara Santa Cecília, em Pinheiros.
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A entrada, de 90 reais, dava direito a quitutes, como uma versão revisitada do bom e velho buraco quente (carne ao molho no pão francês). “O recheio é de costela de boi da raça angus”, ex-plicava Alexandre Pernet, sócio do The Soul Kitchen, produtor da noite. Pois é, o tal “raio gourmetizador” (brincadeira na internet sobre a moda de transformar o que é popular em chique) chegou ao mundo das festas juninas nesta temporada.
Expressões como “open food” (comida liberada) e “ingressos antecipados” vendidos “em lotes” aparecem na língua dos organizadores. “Nosso público é, modéstia à parte, muito bonito”, defende Pedro Braun, da agência Fishfire, que cobra até 150 reais por um ingresso da Arapuca. A festa, para 2 000 pessoas, ocorre no sábado (13) no Studio Verona, em Santana, e terá apresentação da dupla Maria Cecília e Rodolfo, touro mecânico, sanduíches da lanchonete Vinil Burger e o lema “#somostodoscaipiras”.
De pegada “hipster”, o Arraial nos Trilhos, na Mooca, acontece no mesmo dia com preço de entrada mais leve (15 reais, antecipada). Mas também vem cheio de conceitos moderninhos. Há no pacote uma feirinha gastronômica que servirá doces paraenses e tapiocas. A chegada é triunfal: os baladeiros embarcam em um trem antigo na frente do Museu da Imigração e fazem uma pequena viagem até o local, um terreno a céu aberto.