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Exposição que deslumbrou Madonna acontece na Pinacoteca

Primeira individual de Gabriel Massan no Brasil leva videogame interativo sobre colonialismo à Pina Contemporânea

Por Ana Mércia Brandão
18 set 2024, 09h00
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Primeira individual de Gabriel Massan, artista que participou da turnê de Madonna, acontece na Pinacoteca (Leo Martins/Veja SP)
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Foi em julho de 2023 que Madonna, em uma visita à Serpentine Galleries, em Londres, no Reino Unido, conheceu o trabalho de Gabriel Massan, 27, fluminense nascido em Nilópolis. O encontro casual levou o artista digital a participar da última turnê da cantora, a Celebration World Tour – encerrada em show apoteótico no Rio de Janeiro em maio. Além de exibir uma vídeoinstalação nos telões durante a apresentação da música Bedtime Story, Massan foi convidado pela diva a subir ao palco no show da turnê em Berlim, na Alemanha, onde vive desde 2020.

O trabalho que chamou a atenção da Rainha do Pop desembarca pela primeira vez no Brasil com a exposição Gabriel Massan: Terceiro Mundo – a dimensão descoberta, em cartaz na Galeria Praça da Pina Contemporânea até fevereiro de 2025. É a primeira individual do artista em seu país de origem.

Unindo contação de histórias, arte e tecnologia, Massan criou Terceiro Mundo, um jogo de videogame ambientado em um universo pensado pelo artista para trabalhar o tema do colonialismo. O nome é uma referência ao termo geográfico utilizado durante parte do século XX para caracterizar os hoje chamados países em desenvolvimento, ou emergentes.

Quatro estações de jogos estão disponíveis no espaço expositivo, cuja construção com esculturas, desníveis e texturas imerge o visitante dentro da tela. “A escultura se apodera de você e a ideia é que os jogadores se sintam responsáveis e no controle dessa simulação”, conta Gabriel.

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Gabriel Massan em uma das estações de jogo (Leo Martins/Veja SP)

Há ainda cinco telas espalhadas pela galeria, para quem quiser ter a experiência de assistir aos jogadores em tempo real, como em um streaming de jogos. “Para mim é importante criar um ambiente que simula um pouco a nossa realidade, somente algumas pessoas estão com controle na mão. E é um grande tribunal, um ambiente de julgamento, em que suas ações realmente importam e o jogo te informa que está te assistindo”, explica.

“A Pinacoteca quer apresentar algo, que é uma tendência em outros grandes centros, que é o videogame também como uma linguagem artística, para além de apenas uma interseção entre arte e tecnologia”, define a curadora Lorraine Mendes.

Terceiro mundo é composto por dois níveis. O primeiro, Ingba Tingbo, que na língua iorubá significa “longo prazo”, recria o primeiro contato entre indígenas e colonizadores. O jogador encarna Funfun, “branco” em iorubá, um robô bioquímico com a missão de buscar matérias-primas na nova terra. Ele é posto em contato com novas formas de pensar, ao viajar pelo mundo de esculturas digitais esculpidas por Massan. O segundo se passa em um mundo em ruínas, que fazem referência às condições opressivas da vida urbana para pessoas negras, indígenas, queer e transgênero no Brasil.

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Arte na realidade e na tela (Leo Martins/Veja SP)

Massan comemora as parcerias que tornaram a construção de Terceiro Mundo possível. Cada nível foi concebido em colaboração com os artistas e pensadores LYZZA, Castiel Vitorino Brasileiro, Novíssimo Edgar e Ventura Profana, que contribuíram na construção de diálogos, textos e narrativas, emprestando inclusive suas vozes aos personagens.

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Com pouco acesso a arte e tecnologia quando criança, o artista começou a explorar a criação de mundos e contação de histórias jogando o jogo de simulação da vida real The Sims na adolescência. Em 2018, ganhou uma bolsa na Escola de Artes Visuais do Parque Lage em videoinstalação e videoarte. Desde 2020 vive na Europa, onde alcançou reconhecimento em sua carreira artística.

Massan considera a nova montagem de Terceiro Mundo um “regresso”. “É importante para mim, enquanto pessoa latino-americana, estar nesses espaços de prestígio internacional e falar sobre alta tecnologia vindo de onde eu vim, mas fico feliz de poder trabalhar esses temas pela primeira vez no meu país.”

Pinacoteca Contemporânea. Avenida Tiradentes, 273, Luz. Qua. a seg., 10h/18h (entrada até as 17h). R$ 30,00 (inteira). Grátis aos sábados. Até 2/2/2025. pinacoteca.org.br.

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