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Drama filipino “Em Nome de Deus” registra um caso real de sequestro

O diretor Brillante Mendoza, de <em>Lola</em> e <em>Kinatay</em>, cria clima de tensão permanente em longa com atriz Isabelle Huppert

Por Miguel Barbieri Jr.
Atualizado em 14 Maio 2024, 14h43 - Publicado em 8 nov 2012, 16h35

Pense em algum diretor das Filipinas. Não veio nada à mente? É normal. Eis, então, o principal cineasta de lá: Brillante Mendoza. Ele tem 42 anos e uma carreira de doze fitas — curtas e longas-metragens, entre ficções e documentários. Figura carimbada em festivais, Mendoza já levou o prêmio de melhor direção em Cannes, em 2009, por Kinatay. Se o público do circuito alternativo oconhece de mostras e retrospectivas, seu único filme a chegar às telas comercialmente foi Lola (2009). A segunda tentativa de torná-lo um pouco mais famoso ocorre agora com o drama Em Nome de Deus.

Mendoza buscou um fato real para, em narrativa de tensão permanente, registrar um sequestro. Em 27 de maio de 2001, terroristas muçulmanos invadiram um resort na Ilha de Palawan, nas Filipinas, e fizeram um grupo de estrangeiros e nativos refém. Ao fugirem num barco, os criminosos bradaram o nome de Alá e de… Osama bin Laden — os atentados nos Estados Unidos, orquestrados por ele, só aconteceriam quatro meses depois.

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Com segurança invejável e câmera na mão (a fim de reforçar oestilo documental), o realizador dá conta de retomar essa história. Faz uso de locações verdadeiras e tira o fôlego do espectador diante dos inesperados desdobramentos. Novamente entregue a um papel marcante, a excepcional Isabelle Huppert interpreta uma personagem ficcional, a católica Thérèse Bourgoine, assistente social francesa e prestadora de serviços comunitários na região. O roteiro tem o ponto de vista de Thérèse e vêm dela observações atentas: o casamento forçado entre o líder terrorista e uma enfermeira, o assassinato de um americano, sua persistência para enterrar uma colega cristã e a agonia por não haver uma solução a curto prazo para o caso. Além de ficarem meses sob a mira de armas, os sequestrados sobreviviam de restos de comida, usavam sempre a mesma roupa, sofriam ataques de insetos e dormiam ao relento. Para piorar, andavam sem rumo pela selva,onde eram vítimas das balas do Exército filipino em equivocadas investidas de resgate.

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