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Espetáculos atraem o público ao investir no filão motivacional

Seis montagens sobre temas do cotidiano fazem sucesso com reflexões muito bem-humoradas

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 1 jun 2017, 18h04 - Publicado em 19 out 2012, 21h56
Cem Dicas para Arranjar Namorado
Cem Dicas para Arranjar Namorado (Paulo Sadao/)
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No fim dos anos 60 e na maior parte dos 70, as metáforas políticas dominavam os palcos em resposta à censura do regime militar. A década de 80, por sua vez, trouxe a comédia besteirol e o descompromisso crítico. Hoje, o principal opressor é o cotidiano, com o stress provocado pela rotina doméstica e profissional. Desopilar no teatro, então, tornou-se um santo remédio. Seis espetáculos investem no filão motivacional e atraem um público em busca de diversão e mensagens aplicáveis ao dia a dia.

Os atores Marcelo Laham e Fábio Herford sabem que ser pai também é padecer no paraíso e já dividiram a doce angústia com 16.000 pessoas desde abril. Ao lado do dramaturgo Gustavo Kurlat, eles escreveram a comédia Grávido, na qual mostram que é comum o homem desaparecer da relação quando o bebê passa a ser prioridade na vida da mulher. “O humor nos possibilita falar sem culpas de situações duras que acontecem na vida do casal, e os espectadores entendem que, nessa fase, é normal”, diz Laham, pai de Miguel, de 3 anos. Casada com o ator Christiano Cochrane, a atriz Daniele Valente também usa da própria experiência para estimular a plateia. Ao lado do marido, ela protagoniza Cem Dicas para Arranjar Namorado, aplaudida por 9.000 paulistanos em seis meses. “A peça tem uma roupagem divertida, mas nasceu em uma fase difícil da minha vida”, explica ela, que, depois de romper uma união de oito anos, passou a brincar nas redes sociais, dando conselhos a mulheres que querem se dar bem. Daniele acredita que o fato de hoje estar casada e ser mãe de Valentina, de 1 ano e 5 meses, motiva as solteiras. “Uma garota voltou ao teatro para me apresentar o namorado que conheceu depois de ver a peça”, conta a atriz.

+ Em vídeo: veja cenas de espetáculos que investem no filão motivacional

Se as espectadoras de Daniele buscam um par, quem procura o monólogo Como Ter Sexo a Vida Toda com a Mesma Pessoa visa à longevidade da relação. Tania Bondezan interpreta uma sexóloga que palestra sobre como manter o relacionamento anos a fio. Em dois meses, 3.000 pessoas ouviram os conselhos da personagem. “O público busca uma reflexão bem-humorada ao olhar para a própria história e ver que é possível alimentar o desejo”, acredita Tania, que leu pesquisas e ouviu médicos para melhor entender o texto. “Sei que, apesar do tom cômico, lido com um assunto sério.”

Como Ter Sexo a Vida Toda com a Mesma Pessoa
Como Ter Sexo a Vida Toda com a Mesma Pessoa ()
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Os atores Paula Giannini e Amauri Ernani, da comédia Casal TPM, também lançaram mão dos relacionamentos como temática. “Os casais tentam entender um pouco da relação deles e percebem que muitas brigas têm origem em bobagens”, diz Paula. A dupla investe agora em um derivado com a comédia TPM — Tratamento para Machos, que entra em cartaz em 3 de novembro. Desta vez, um marido desesperado busca a orientação de um psicólogo. Paula e Ernani encontraram um filão e, depois de atrair 150.000 espectadores em quatro anos, pretendem repetir a dose e aliviar as tensões de muita gente com diversão.

Gandhi, um Líder Servidor
Gandhi, um Líder Servidor ()

Com o solo Coisa de Louco, o ator Nilton Bicudo mexe em outro vespeiro: a perigosa onda da automedicação. Bicudo personifica um contador que, na ausência de um especialista, dá uma aula sobre drogas com base nos remédios que toma. “Esse problema faz parte da rotina de muita gente, mas ninguém assume”, afirma ele, que volta à cena em 7 de novembro, depois de ser visto por 2.000 pessoas em uma única sessão semanal nos últimos cinco meses.

A mensagem de João Signorelli com o monólogo Gandhi, um Líder Servidor é mais, digamos, espiritual, apesar de brincar e interagir com a plateia. Na pele do líder indiano Mahatma Gandhi (1869-1948), o ator já transmitiu pregações de paz a 60.000 espectadores nos nove anos em que está em cartaz. “As pessoas procuram realmente um afago, um caminho para viver com tranquilidade, e percebo quanto cada um relaxa gradualmente ao longo dos cinquenta minutos”, diz Signorelli.

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