Do Baixo Augusta ao Viaduto do Chá: as trajetórias dos sócios da Formosa Hi-Fi
Alê Youssef, Facundo Guerra e Ale Natacci são os empresários à frente do novo bar de vinis no centro, que será inaugurado no dia 31

A Formosa Hi-Fi, novo bar de vinis embaixo do Viaduto do Chá que promete qualidade de sala de concerto, com inauguração no dia 31, é o novo projeto de Alê Youssef, Facundo Guerra e Ale Natacci.
Leia, a seguir, as trajetórias dos três empresários da noite que assinam o projeto.
E saiba tudo sobre a Formosa Hi-Fi neste link.
ALÊ YOUSSEF
“Faço projetos de impacto sociocultural”, define Alê Youssef, 50. Nascido na Liberdade e formado em direito, ele começou a trajetória no ambiente político como coordenador de Juventude da prefeitura, entre 2001 e 2004, sob a gestão de Marta Suplicy.
“Decidi sair da vida política e me dedicar a um lugar que pudesse, de alguma forma, dar voz e espaço para a cena cultural”, lembra. Assim nasceu, em 2005, o Studio SP, palco importante para artistas ainda emergentes como Criolo, Tulipa Ruiz, Emicida e Céu.

“Era um momento sublime da noite paulistana, de abertura desse empreendedorismo jovem cultural”, diz. O fervo daquela Rua Augusta mais próxima ao centro se consolidou de vez com a criação do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, em 2009, precursor do atual Carnaval de rua paulistano.
Youssef também foi secretário de Cultura da cidade, entre 2019 e 2021. Em maio, inaugurou o bar Laje do Baixo, na República. Sobre a Formosa, declara: “Queremos que seja um exemplo de ocupação criativa dos espaços públicos simbólicos da cidade”.

FACUNDO GUERRA
No início do século, após o desmanche da empresa em que era gerente de conteúdo no ramo da internet, Facundo Guerra, 51, decidiu empreender. “Começamos de maneira romântica, não sabia nada de noite, nem bebo álcool”, conta.
Sua primeira aventura foi o Vegas, aberto com José Tibiriçá em 2005, no Baixo Augusta. A casa noturna, que unia diferentes “tribos”, foi fundamental na transformação daquele pedaço da cidade.

Hoje, Facundo é sócio do Blue Note, do Bar dos Arcos, do Cine Joia, do Love Cabaret, do Edifício Rolim e da marca de hospedagens Altar.
O empresário nascido na Argentina conta que uma frustração motivou o novo projeto. “O Cine Joia tinha um problema grande de acústica. A minha escola foi a boate, investi muito na estética e não me preocupei com o som, e fui massacrado. Foi traumático”, confessa.
Ele conheceu a Galeria Formosa com a peça A Última Palavra É a Penúltima, do Teatro da Vertigem, encenada por lá em 2008. “Sou um colecionista de vinil, mas passei a ouvir streaming, e o meu gosto ficou preso na bolha do algoritmo. Na Formosa, vou voltar a descobrir música”, diz.

ALE NATACCI
Ale Natacci, 57, começou a empreender no ramo dos bares e restaurantes em 1997, como um dos sócios da pizzaria Piola.
Nascido na Vila Leopoldina e criado no Alto da Boa Vista, o empresário somou ao movimento do Baixo Augusta ao abrir o bar Sonique, com parceiros como Lelo Ramos e Beto Lago. O lugar funcionou na Rua Bela Cintra de 2009 a 2013.

“Conheci o Alê Youssef na época, e, em um casamento em Paraty, tivemos a ideia de criar um bloco de rua”, conta Ale, atual presidente do Acadêmicos do Baixo Augusta. “Viramos sócios, sou padrinho da filha dele, e, pela amizade grande, começamos a construir outros negócios”, conta, citando a atual Laje do Baixo.
Hoje, Natacci ainda é um dos sócios da unidade do Botanikafé na Alameda Lorena e do bar de coquetelaria Exit, também nos Jardins. “Nós três temos muito tempo de noite e do próprio centro. Você precisa de um propósito muito claro para abrir um negócio. Temos uma preocupação enorme com a qualidade sonora e com a curadoria musical, além de devolver um espaço para o uso da cidade”, diz sobre a Formosa.

Publicado em VEJA São Paulo de 11 de julho de 2025, edição nº 2952