Com homenagens e polêmica, Prêmio Shell prestigia teatro paulistano
Ator que faleceu na semana passada, Paulo Goulart recebeu uma salva de palmas dos convidados; atriz premiada criticou empresa por “apoio à ditadura”
A 26ª edição paulistana do Prêmio Shell de Teatro contou com momentos emocionantes e também uma polêmica. Paulo Goulart e Eva Vilma foram homenageados. Já Fernanda Azevedo, que foi coroada com o troféu de melhor atriz, criticou a Shell por ter “apoiado a ditadura da Nigéria”.
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Eva Vilma foi homenageada pelos 60 anos de carreira. Já Paulo Goulart, que faleceu aos 81 anos na semana passada por causa de um câncer, recebeu uma salva de palmas após o discurso de Renata Sorrah, mestre de cerimônias do evento, que lembrou o legado do ator. “Perdemos uma grande referência no teatro. Um exemplo de pai, marido, avô, um empreendedor apaixonado pelo teatro e pela vida. Um grande ator. Essa estrela sobe e deixa um rastro de luz claro e definido. Obrigado, Paulo.”
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Além das homenagens, a premiação teve espaço para a polêmica. Ao receber o prêmio de melhor atriz, Fernanda Azevedo criticou a Shell. Em seu discurso, a atriz da peça Morro como um país – cenas sobre a violência de estado disse: “como esse prêmio tem patrocínio da Shell, eu gostaria de ler quatro linhas sobre essa empresa. O texto é do [uruguaio] Eduardo Galeano. No início de 1995, o gerente geral da Shell na Nigéria explicou assim o apoio de sua empresa à ditadura militar nesse país: ‘para uma empresa comercial, que se propõe a realizar investimentos, é necessário um ambiente de estabilidade. As ditaduras oferecem isso’”.
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A Shell preferiu não responder às declarações. Por meio da assessoria, a empresa disse que “parabeniza a atriz pelo prêmio” e “respeita o direito que ela tem de se expressar”. Além disso, afirmou que “o comentário dela não diminui o efetivo reconhecimento que os premiados têm recebido ao longo dos 26 anos do prêmio”.
Confira a lista dos indicados e dos premiados (em negrito) da edição paulistana do 26º Prêmio Shell
Autor:
Claudia Schapira por “Antígona recortada, contos que cantam sobre pousospássaros”
Hugo Possolo por “Eu cão Eu”
Michelle Ferreira por “Os adultos estão na sala”
Cia Luna Lunera por “Prazer”
Kiko Marques por “Cais ou da indiferença das embarcações”
Direção:
Antunes Filho por “Nossa cidade”
Rogério Tarifa e Rodrigo Mercadante por “Cantata para um bastidor de utopias”
Kiko Marques por “Cais ou da indiferença das embarcações”
Leonardo Moreira por “Ficção”
Nelson Baskerville por “As estrelas cadentes do meu céu são feitas de bombas do inimigo”
Ator:
Cassio Scapin por “Eu não dava praquilo”
Chico Carvalho por “Ricardo III”
Mauricio de Barros por ”Cais ou da indiferença das embarcações”
Thiago Amaral por “Ficção”
Atriz:
Cácia Goulart por “A morte de Ivan Ilitch”
Michelle Boesche por “Os adultos estão na sala”
Fernanda Azevedo por “Morro como um país – cenas sobre a violência de estado”
Luciana Paes por “Ficção”
Rosana Stavis por “Árvores abatidas ou para Luis Melo”
Cenário:
Bira Nogueira por “Folias Galileu”
Rogério Tarifa por “Cantata para um bastidor de utopias”
Chris Aizner por “Cais ou da indiferença das embarcações”
Ed Andrade por “Prazer”
Figurino:
Cassio Brasil por “O burguês fidalgo”
Miko Hashimoto por “Operação trem-bala”
Chris Aizner por “Cais ou da indiferença das embarcações”
Fabio Namatame por “Vingança – o musical”
Iluminação:
Fran Barros por “Vestido de Noiva”
Lucia Chediek por “A morte de Ivan Ilitch”
Aline Santini e Nelson Baskerville por “As estrelas cadentes do meu céu são feitas de bombas do inimigo”
Fran Barros por “Universos”
Música:
Jonathan Silva e William Guedes por “Cantata para um bastidor de utopias”
Otávio Ortega e Lucas Santtana por “O duelo”
Guilherme Terra por “Vingança – o musical”
Umanto por “Cais ou da indiferença das embarcações”
Inovação:
Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, pela pesquisa e pelo resultado na criação de sonoridades e partituras corpomusicalizadas em “Antígona recortada, contos que cantam sobre pousospássaros”.
Os Satyros, pela projeção, permanência e abrangência do evento “Satyrianas” na condição de fenômeno histórico-artístico e social.
Os Fofos Encenam, pela realização do projeto “Baú da Arethuzza”.
Conselho gestor do CIT-Ecum, pela realização plural de seu projeto artístico-pedagógico.