Continua após publicidade

Edmilson do Nascimento: um novo tipo de câmbio

O empreendedor social alavancou o microcrédito e diminuiu a inadimplência no Campo Limpo

Por Maria Paola de Salvo
Atualizado em 5 dez 2016, 16h28 - Publicado em 21 dez 2012, 15h49
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Quem entra no açougue do Silvestre, no Jardim Maria Sampaio, distrito de Campo Limpo, Zona Sul, logo depara com um cartaz intrigante no balcão de carnes: “Aceita-se sampaio”. A mesma informação pode ser lida em outros 25 estabelecimentos comerciais da vizinhança, como perfumarias, depósitos de construção e barracas de temperos. O aviso serve para lembrar que se está numa região da cidade em que 1 sampaio vale o mesmo que 1 real. Trata-se de uma “moeda social”, com cédulas “oficiais”, numeradas e dotadas de marcas de segurança para evitar falsificação. O projeto do Banco Comunitário União Sampaio, como a iniciativa acabou batizada, surgiu em 2009, com a ajuda do Núcleo de Economia Solidária da USP e um capital inicial de 2.000 reais, concedido pelo governo federal por uma linha de incentivo ao microcrédito. Desde o início, a entidade concedeu 249 empréstimos a clientes de baixa renda, que não têm como obter crédito pelas instituições financeiras tradicionais. Os créditos mais altos giram na faixa de 1.000 reais, com juros que variam de 1,5% a 2,5%. A inspiração veio da bem-sucedida experiência do Banco Palmas, que foi o primeiro a criar, em 2000, uma moeda fictícia na periferia de Fortaleza, no Ceará, para evitar que as pessoas consumissem produtos fora da região.

    O principal “executivo” do União Sampaio é Edmilson do Nascimento, de 42 anos, que acumula as funções de gerente, analista de crédito e caixa. Ele divide com outros dois colegas as tarefas da casa bancária, que funciona numa pequena sala da União Popular de Mulheres, uma associação local. O interessado preenche uma ficha socioeconômica com informações sociais, como quantos filhos ele mantém na escola. Para descobrir se a pessoa é boa pagadora, entra em ação um Serviço de Proteção ao Crédito nada convencional. Quem atesta a idoneidade do cliente é o vizinho ou o comerciante do qual ele costuma comprar no bairro. Se tudo for aprovado, a pessoa sai de lá com notas de sampaio no bolso para gastar nos estabelecimentos do bairro e aquecer o comércio local. “Temos uma taxa de inadimplência de apenas 4%, uma das mais baixas da praça”, afirma Nascimento. Comerciantes como o açougueiro Silvestre Rodrigues de Oliveira, há 33 anos na região, colhem os frutos da iniciativa. “O movimento aumentou 20% por causa do sampaio e me encorajou a fazer empréstimos para reformar a loja”, conta. Com a nova câmara fria instalada, Oliveira poderá estocar mais carne, vender em escala e baratear o preço do produto. “É bom para mim e para o cliente também”, diz ele, que já chegou a vender 150 sampaios em carnes para um grande churrasco.

    + Os dez paulistanos que fazem a diferença

    ■ Banco Comunitário União Sampaio

    Rua Zacarias Mazel, 128, Jardim Maria Sampaio, Campo Limpo, telefone 5841-4392, https://bancocomunitariosampaio, blogspot.com.br

    Publicidade
    Publicidade

    Essa é uma matéria fechada para assinantes.
    Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

    Domine o fato. Confie na fonte.
    10 grandes marcas em uma única assinatura digital
    Impressa + Digital no App
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital no App

    Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

    Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
    *Para assinantes da cidade de São Paulo

    a partir de R$ 39,90/mês

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.