Georges Édouard Piaget começou a fazer movimentos de relógios em 1874, num ateliê montado na fazenda da família, na vila de La Cóte-aux-Fées, pouco mais de 100 quilômetros ao norte de Genebra. Logo passou a fornecer o recheio para mostradores grifados por outras marcas. Só na década de 1940, sob o comando da terceira geração da família, a Piaget passou a produzir e assinar os próprios modelos. Sempre de ouro. Na década de 60, com a aquisição de ourivesarias em Genebra, cravou diamantes nas caixas. “Somos conhecidos como o joalheiro dos relógios”, diz Metzger. Alguns modelos femininos se confundem com joias de fato — nos chamados “relógios secretos”, o mostrador é escondido pelo desenho da pulseira a ponto de, num olhar rápido, parecer nada mais do que um bracelete com pavê de brilhantes. Em 1988, a Cartier comprou a Piaget, interessada que estava numa companhia que dominasse a arte do movimento.
“Somos pequenos, com 1100 funcionários. Se faço uma reunião na minha sala com dez pessoas, ela não pode dar errado. Afinal, está ali 1% da empresa”, diz. Numa empresa que domina a fabricação de ponta a ponta, a sabedoria de cada um conta muito. A ponto de o CEO ter acabado de recontratar um funcionário com 75 anos de idade. “Ele sabe tudo da nossa manufatura. Investimos nisso: é o real sentido do luxo.” A Piaget produz 25 000 relógios por ano, a partir de 400 referências. Numa conta rápida, isso significa que, por ano, só 62 pessoas comprarão um Altiplano. Os relógios mais acessíveis custam a partir de 25 000 euros. A missão do presidente é ocupar mais pulsos masculinos.
Mas é definitivamente nas mulheres que a Piaget está de olho. A ideia é propor peças criativas, sejam elas joias com desenhos inusitados ou relógios cujas caixas, por exemplo, giram (caso do modelo Limelight). “Não queremos ser confundidos com uma Harry Winston, que dá ênfase à pedra”, diz. A exemplo do que fez a Cartier com a Pantera, a Piaget quer ser relacionada às rosas. “Já criamos um prêmio para incentivar os melhores produtores da flor no Equador.” Para brilhar mais, a Piaget participou em setembro, pela segunda vez, da Bienal dos Antiquários, em Paris, que está virando parada obrigatória para os lançamentos das melhores joalherias do mundo. Na saída do Varanda Grill, reparou nas moças que batiam os saltos no piso de mármore e granito do JK. “As brasileiras são sexy, não”?, disse. E partiu para buscar as malas, rumo a Guarulhos.