Continua após publicidade

Hermès agora produz móveis feitos de seda

Fiapos dos lenços triturados eram uma pedra nas sapatilhas de Pascale Mussard, herdeira da grife francesa e cabeça criativa por trás do upcycling

Por Simone Esmanhotto, de Paris
Atualizado em 5 dez 2016, 14h19 - Publicado em 2 jul 2014, 19h21

Por dois anos, um bololô de seda ocupou as prateleiras do ateliê da petit h, marca que parte do material rejeitado pelo controle de qualidade da Hermès para fazer objetos únicos. Acinzentados e macios, os montes de fiapos dos lenços triturados como nas máquinas de papel eram uma pedra nas sapatilhas de Pascale Mussard, herdeira da grife francesa e cabeça criativa por trás do upcycling.

+ Leia mais sobre o mercado de luxo

Couro e porcelana, entre outras matérias-primas, já haviam sido reaproveitados: uma bolsa Kelly com defeito deu origem a um relógio cuco, xícaras de asas quebradas viraram luminárias. Mas os lenços reprovados, até então, tinham no máximo sido cortados e costurados em velas de barcos de brinquedo. Nenhum designer convidado por Pascale encarara o desafio de usar a chamada bourre de soie. Até que Nicolas Daul e Julien Demanche entraram em cena.

A dupla deixou claro que não gostaria de utilizar um objeto para criar outro, a especialidade da casa. “Queríamos conceber um material inédito”, diz Daul. E não apenas para a petit h, mas que fosse inovador para o mercado. Intrigados com o estofo da seda, os designers aceitaram o desafo de transformar o carré, em linha de produção manual em Lyon desde 1937. A inspiração veio de um objeto banal: o dito papel de seda para embrulhar presentes, que de seda, na composição, não leva nada. “Resolvemos fazer um papier de soie de verdade”, completa Demanche.

Um produtor de folhas artesanais na Provence foi escolhido para descobrir a receita, tarefa que durou seis meses. Ela leva mais de 90% de puro lenço Hermès e outros ingredientes naturais para dar liga, mantidos em segredo. Com o resultado em mãos, vieram três móveis: um espelho, um biombo (foto) e um console. Neles, o papier de soie entra no lugar do compensado de madeira, com folhas comprimidas uma sobre a outra. Para manter a ligação com o papel, todos fazem referência à leitura: o espelho e o console apoiam livros, e o biombo não apenas isola o sujeito para o momento de ler, mas a seda compensada tem uma propriedade acústica.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de 35,60/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.