Móveis assinados são destaque na CASACOR
Tendência na decoração de interiores presente na CASACOR valoriza o design autoral, transformando objetos funcionais do dia a dia em obras de arte
Ter uma casa adornada com obras de arte já seria um deleite para o olhar. Mas a tendência para a decoração de interiores do momento vai mais longe: ela propõe transformar a própria ambientação, com seus móveis, luzes e objetos, em expressão artística original e carregada de referências culturais. Difícil precisar quando ela começou, mas é certo que foi potencializada pela temporada de isolamento social durante a pandemia de covid-19 — época em que muita gente parou para olhar para dentro. Da própria casa, inclusive.
Nesta edição da CASACOR, em cartaz no Conjunto Nacional, é possível conferir o trabalho de arquitetos e designers de interiores que colocam o talento também a serviço do desenvolvimento de mobiliário. E, com isso, criam espaços onde a arte está por todo lugar, integrada à funcionalidade. Um exemplo é o projeto idealizado por Paola Ribeiro. Chamado de Casa Coral — Lugar de Afeto, o espaço conta com móveis de autoria da própria Paola, como a estante vazada que divide o living em dois ambientes. Já a arquiteta Fernanda Marques assina um espaço de 160 metros quadrados que celebra a brasilidade, com a Hunter Douglas. O arquiteto Nildo José, por sua vez, é o autor de Casa Ñe’é LG, que traz uma atmosfera de ancestralidade aos móveis assinados por ele.
Autora de boa parte dos móveis e objetos que compõem o Estúdio Âmago, ambiente que traz “uma fusão entre o passado e o presente”, Ana Weege confirma a tendência. “Muitos clientes passaram a buscar por um mobiliário de qualidade e com estética original, fugindo dos modismos descartáveis”, diz ela, que há menos de um ano lançou a linha de móveis e objetos de decoração AWÉS. “Quero resgatar o conceito de mobiliário como obra de arte.”
Na mesma toada, o Studio Ro+Ca concebeu um loft no qual 85% do mobiliário foi desenvolvido pelos irmãos Caio e Carlos Carvalho. Em paralelo ao escritório, onde são sócios de Rodrigo Béze, a dupla comanda a Básico Design. “A marca surgiu da demanda, durante os projetos, de móveis que fossem sofisticados, mas jovens e descontraídos ao mesmo tempo”, explica Carlos, que explorou o contraste entre materiais naturais, mais rústicos, e modernos. Caso da mesa de cabeceira de pedra brancoitaúnas, a mesma da bancada que “flutua” sobre um pé de inox. “É um luxo ter um arquiteto que, além de pensar a escala do seu projeto de arquitetura, que é maior, também cuida do detalhe do mobiliário, feito especialmente para aquele espaço”, completa.
Foi o que fez Kesley Santiago. Quando começou a projetar o quarto infantil inspirado na realeza africana, a arquiteta teve dificuldade para encontrar peças que remetessem à região central da África. Acabou desenhando desde os papéis de parede até o trocador do bebê, passando pelo enxoval, o berço e a cama de solteiro. Tudo em parceria com a fabricante de móveis infantis Muskinha, com quem lançará, em breve, uma coleção sua. “Também me preocupei com a forma dos móveis, em linhas curvas, para evitar acidentes”, diz. Não há dúvida, o conceito de projeto sob medida acaba de ser atualizado. A CASACOR segue em cartaz no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, até o dia 28 de julho. ■
Publicado em VEJA São Paulo de 12 de julho de 2024, edição nº 2901