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Iguarias sobre rodas

Um ônibus desafia a ideia de que refeição assinada por um superchef e city tour não pertencem ao mesmo cardápio

Por Adriana Setti, de Barcelona
Atualizado em 20 jan 2022, 09h29 - Publicado em 10 nov 2012, 00h00
Gourmet-Bus_7
Gourmet-Bus_7 (Marc Llibre Roig/)
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Entre barcos, aviões, trens e automóveis, o ônibus é o único veículo ao qual nem a estrela Mercedes-Benz empresta glamour. O coletivo tampouco parece o cenário ideal para um jantar. Uma oportunidade de rever esse conceito circula por Barcelona desde 26 de julho: o Gourmet Bus reúne city tour e os pratos do chef Carles Gaig, premiado com uma estrela Michelin pela releitura da culinária tradicional catalã. Não é um veículo qualquer, como faz questão de frisar a hostess. Depois das boas-vindas junto à Plaça Universitat, no centro, ela informa que o ônibus leva materiais de primeira, com decoração assinada pelo arquiteto Josep Cortina ao custo de meio milhão de euros. No andar superior ficam onze das doze mesas, com capacidade para 34 pessoas (a do “térreo” é reservada a pessoas com dificuldade de locomoção). “Para tornar a viagem agradável para quem está de costas, colocamos câmeras no exterior do ônibus que transmitem as imagens pelo iPad embutido na mesa”, diz Nacho Casanova, diretor da Julià Travel, responsável pelo empreendimento.

O programa é dividido em duas etapas. Nos primeiros 75 minutos, o ônibus circula pelos principais pontos da cidade, como o Porto Olímpico e a Avenida Passeig de Gràcia, onde estão as casas do arquiteto Antoni Gaudí — até aí, nem um canapé é servido. O segundo ato tem início quando o ônibus sobe a colina do Montjuïc e estaciona num jardim com uma vista para o mar e o centro. Então, entra em cena a equipe do restaurante Gaig. “Era fundamental ter um menu fácil e leve e que representasse nosso país”, diz o chef. Os pratos são preparados na parte da manhã e finalizados na cozinha de inox, localizada atrás do motorista, com pouco mais de3 metros quadrados. Ali, o cozinheiro acomoda o banquete em pratinhos e bandejas que lembram uma refeição a bordo da classe executiva de um avião. As entradas são servidas como tapas — sopa de camarão, tomate e morango; lâminas de bacalhau fresco com salada de escarola; terrina de peixe; ravióli de abobrinha e foie gras; e canelone trufado. Como prato principal, o chef aposta na royale de galinha-d’angola com parmentier de batata e cogumelo. Para a sobremesa, crema catalana (versão do francês creme brûlé). Vinho tinto catalão Oliver Conti Turó Negre e cava Àngela Marquès Rigol Reserva Familia Brut Nature são oferecidos à vontade. A viagem gastronômica dura três horas e meia e custa 95 euros por pessoa — o mesmo que Gaig cobra por um menu degustação no QG, no elegante bairro do Eixample. Mas sem as bebidas e sem uma mãozinha de Gaudí.

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