Há catorze meses, a Livraria Cultura anunciou que havia adquirido as operações da rede francesa de livrarias Fnac no Brasil – um movimento que causou estranheza em um primeiro momento para o mercado editorial, já que a própria Cultura vinha enfrentando uma séria crise financeira. Se devia dinheiro para seus fornecedores, como poderia fazer um negócio como esse, questionavam profissionais do setor. À época, a Fnac tinha doze lojas em sete estados.
Na realidade, a Cultura comprou a operação da Fnac, mas acabou recebendo dinheiro da empresa francesa para renegociar passivos – e retomar a rentabilidade das lojas ou acabar de vez com a presença da empresa no país. A segunda alternativa foi ficando evidente com o fechamento em cadeia das unidades da Fnac iniciado há alguns meses (a Fnac Pinheiros, sua primeira no Brasil, fechou em junho) e intensificado nos últimos dias com o encerramento das unidades do MorumbiShopping, Campinas, Curitiba e Brasília.
No domingo, 16, quem passou pelo número 901 da Avenida Paulista viu as portas da loja fechada e o aviso de que a livraria continuava atendendo pelo seu site.
Com essa notícia, a Fnac está a um passo de sair de vez do Brasil. Agora só resta a loja do Shopping Flamboyant, em Goiânia – e não se sabe até quando.
Procurada para comentar o fechamento da loja da Paulista, o futuro da de Goiânia e seu próprio futuro, a Cultura respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, que “não comentará nem divulgará dados das suas operações”. Disse ainda: “A Livraria Cultura segue o seu planejamento estratégico para os próximos anos: manter unidades com boa performance, procurando sempre melhorar a experiência do cliente em loja, e reforçar a presença em e-commerce”.