Cresce o consumo de fragrâncias para o lar
Nicho segue a vontade do consumidor de transformar a casa em uma ilha sensorial de acolhimento e bem-estar

Para quem vive em uma metrópole hiperativa como São Paulo, voltar para casa pode representar a conquista do nirvana. E para criar esse recanto de prazer e sossego, o paulistano tem se valido do poder sensorial de produtos para perfumar. Eles trazem bem-estar e podem auxiliar em diferentes momentos, seja de concentração ou relaxamento. A indústria de fragrâncias percebeu a tendência de comportamento, é claro, e vem oferecendo cada vez mais artigos para o lar. Velas e difusores de perfume são as categorias que mais crescem dentro da Granado, confirma Sissi Freeman, diretora de marketing e vendas da empresa — que é reconhecida pela qualidade de sua perfumaria para o corpo. A expansão foi de 22% em velas e 40% em difusores. “As pessoas estão passando mais tempo em casa. A demanda acelerou bastante após a pandemia”, explica a executiva. “O que cresceu também foi a procura por esse tipo de item para presentear.”

Segundo Renata Abelin, diretora de marketing e inovação da empresa de fragrâncias Givaudan, o crescimento do nicho de perfumes para casa era esperado. “O brasileiro é apaixonado por cheiros”, diz Renata. “Somos o segundo mercado neste segmento do mundo.” De acordo com a executiva, o momento tem encorajado pequenas empresas a disputar esse público. “O negócio de home scents (essências para casa) ainda é tímido no Brasil, se comparado aos Estados Unidos”, afirma Renata. E isso ocorre por questões sociais e culturais: no Brasil, as casas costumam ser mais arejadas, e os perfumes praticamente evaporam. Por outro lado, as velas são muito apreciadas por aqui. “Elas fazem o papel de decoração e são usadas como parte de rituais.”
O empresário Fábio Ottaiano sabe bem disso. Em 2011, ele criou a marca Lenvie, que começou justamente produzindo velas perfumadas e hoje tem um portfólio de cerca de 350 produtos (além delas, difusores, perfumes e sabonetes líquidos). O negócio explodiu durante a pandemia de covid-19. “As vendas de velas cresceram 400%”, diz Fábio. Atualmente ele investe em criações autorais, idealizadas pelos perfumistas Fanny Grau e Isaac Sinclair, que assinam as mais de 25 fragrâncias da marca. “Fizemos muita pesquisa de matéria-prima para garantir uma boa performance no ambiente”, conta.

Os difusores da Lenvie, que perfumam por meio de varetas embebidas na essência, garantem o bom aroma em ambientes de até 40 metros quadrados. “Os produtos para casa precisam ter a intensidade certa, para garantir o resultado”, afirma Fábio. Sua marca está em cerca de 2 000 pontos de venda no Brasil e também é comercializada no e-commerce. Os próximos passos incluem fazer crescer a nova linha: a de produtos para o corpo, aposta que vai complementar a família de produtos. “Também pretendemos abrir uma loja, no segundo semestre”, revela.

Com um nome no mercado que dispensa apresentações, a Natura entrou forte no universo de fragrâncias para o lar há um ano. “Os cuidados com o corpo e com o ambiente estão conectados”, justifica Debora Gentil, gerente sênior de luxury da grife, que percebe uma crescente demanda por artigos de home care. Entre os lançamentos recentes da marca, está a linha Natura Bothânica, cujo portfólio inclui desde velas e sprays de ambiente até produtos de cuidado para as mãos. “Os consumidores têm buscado criar pausas sensoriais no próprio lar.” Sintoma da vida em uma cidade enorme e complexa como São Paulo.