No início do mês, o cantor Sting chegou ao Allianz Parque, onde faria seu único show no Brasil, horas antes da apresentação. Jogou futebol e foi jantar. O astro não fez nenhuma exigência gastronômica. Disse apenas que tinha preferência por comida light. Serviram-lhe, então, uma sopa de couve-flor com alho-poró e linhaça. Gostou tanto do prato que repetiu a refeição. A autora do cardápio é a banqueteira paulistana Rita Atrib, de 52 anos, dona do bufê e empresa de catering Petit Comité. Ela é responsável por alimentar cerca de 80% dos artistas internacionais em turnê pela capital, o que dá uma média de trinta espetáculos ao ano. Já elaborou receitas para David Bowie, Guns N’ Roses, Elton John, Rolling Stones e Ozzy Osburne (não, o roqueiro não comeu morcego e, sim, frango grelhado com legumes no vapor). Um de seus clientes mais recentes foi Justin Bieber. A pedido do popstar, preparou em seu camarim salmão ao molho teriyaki, filé mignon grelhado e ravioloni de mussarela de búfala. O rapaz jantou duas vezes no primeiro dia de apresentação.
Formada em arquitetura, Rita aprendeu a cozinhar trabalhando em restaurantes da Europa. Foi “descoberta” ao preparar um jantar na casa de amigos – entre os convidados, havia uma produtora de shows. Sua estreia como banqueteira foi no festival de heavy metal Monsters of Rock, em 1997. Depois disso, não parou mais. “Contrato a Petit Comité porque confio no cuidado, sabor e higiene”, explica o produtor Antonio Stancato, da Mercury Concert, que cuida de nomes como o de Aerosmith. Cada banquete inclui comidinhas nos camarins e salas vip, almoço e jantar, ao custo de até 100 000 reais. “Nosso desafio é atender diferentes necessidades, de solicitações inusitadas a restrições alimentares”, comenta a chef que já teve que preparar um cardápio macrobiótico para David Bowie, dieta halal para Cat Stevens e uma refeição sem alho ou cebola para Ringo Starr devido a uma do músico aos ingredientes.
Seu maior teste foi com Steven Tyler, do Aerosmith, que costuma pedir sobremesas quando viaja em turnê. O desejo mais recente foi um muffin de blueberry com farinha de amêndoas sem glúten e sem lactose. A tensão em preparar o doce era grande, pois o astro chegou a jogar na parede uma unidade feita em outra cidade brasileira. “Ele odiou, ficou muito mal-humorado com o que ele mesmo pediu. Ainda bem que aprovou o nosso”, comemora Rita, que fatura, com o serviço, cerca de 1,5 milhão de reais por ano. Sua próxima grande empreitada deverá ser a apresentação de Paul McCartney, em outubro. Será a primeira vez que a banqueteira atende o ex-Beatle. “Por enquanto, ainda não recebemos nenhum pedido especial”, garante.
Além dos shows, a Petit Comité organiza bufês de festas e eventos para empresas como Unilever e Hospital Israelita Albert Einstein. Para dar conta da produção, mantém uma equipe fixa de catorze pessoas, que trabalham de segunda a sábado no escritório e em uma cozinha industrial no Planalto Paulista, na Zona Sul. No ano passado, a empresa abriu uma rotisseria em Moema que, alguns meses após a inauguração, ganhou um pequeno café. Agora, a chef pretende abrir outra unidade da loja na Zona Oeste, ainda sem data definida.