O grego que atrai 60 000 pessoas por mês no Baixo Augusta
Nikolaos Loukopoulos controla o quarteto de restaurantes Athenas, sucesso de público na região
No Baixo Augusta, ele é conhecido como Grego. Mas também caberia o apelido de “Imperador da Rua Antônio Carlos”. Nikolaos Loukopoulos não reúne o charme dos empresários que ganharam fama por lá, como Facundo Guerra, que fez sucesso com o extinto Vegas. Também não costuma merecer a atenção da crítica gastronômica, a despeito de manter um negócio bem-sucedido nessa área.
Dono do quarteto de restaurantes Athenas, todos em imóveis concentrados em um trecho de duas quadras da Rua Antônio Carlos entre a Haddock Lobo e a Frei Caneca, o empresário de sotaque carregado chega a receber de 1 500 a 2 000 pessoas por dia. A crise parece não passar pelas calçadas de suas casas. Ele deve fechar 2016 com um faturamento de cerca de 20 milhões de reais, igual ao do ano anterior. “Muitas casas do ramo estão amargando uma redução de até 30% na receita”, afirma.
Seu mais novo estabelecimento foi aberto no mês passado, no número 344 da via, e ganhou a expressão To Go depois do nome, já que tem a proposta de oferecer produtos para viagem, além de pães e sanduíches para comer no local. “Vim desenvolvendo o projeto desde 2015”, diz o empresário de 46 anos, que conta com a ajuda do filho Georgios, 23. O lugar tem paredes de concreto aparente, móveis de madeira clara e piso quadriculado, com tons de verde. “O Athenas ajudou a transformar a Rua Antônio Carlos, que está bem mais movimentada”, elogia o chef paranaense Marcelo Corrêa Bastos, do restaurante brasileiro Jiquitaia, seu vizinho.
Nascido em Patras, cidade litorânea no sudoeste da Grécia, o empreendedor veio para o Brasil em 1992, atraído por Sônia, sua primeira esposa (ele engatou um segundo casamento no país e está divorciado desde 2014). Engenheiro elétrico de formação, chegou a trabalhar em uma montadora e, no ano seguinte à sua vinda para o país, inaugurou o primeiro Athenas, um restaurante a quilo no 460 da Antônio Carlos. “Abri na raça, pois não era do ramo, apesar de gostar de cozinha.”
Ele explica que aprendeu a gerenciar o negócio na prática. “O fato de ser um pequeno restaurante a quilo me possibilitou testar receitas e descobrir o que dá certo ou não.” Os pratos gregos, que sempre fizeram parte do menu, são os que costumava comer em sua casa, quando ainda morava no país mediterrâneo. Loukopoulos encarregou-se de explicar à equipe como prepará-los. Ele concluiu que a fórmula do sucesso era oferecer uma comida trivial a preços atraentes.
Em 1999, veio o segundo restaurante com o formato igual, no número 303 da mesma rua. Dez anos atrás, pôs para funcionar a enorme unidade da esquina com a Rua Augusta, que abre às 7 horas e não raro estende o funcionamento até a madrugada. No sistema à la carte, oferece pratos com um tíquete médio de 70 reais. Há desde receitas típicas, como a mussaká (33 reais), uma espécie de lasanha de berinjela, a um prosaico filé à parmigiana (38 reais) e também itens de café da manhã. Com essa variedade, o estabelecimento atrai um público que trabalha, passeia ou mora na região. Nas mesas espalhadas pela calçada, toda essa gente estica a hora do almoço com chope e conversas ruidosas.
Loukopoulos é o dono de outro imóvel, também na Rua Antonio Carlos, para o qual não esconde haver um projeto em curso. “Com a crise, tive de colocar o pé no freio, mas não quero parar”, explica. “Desde 2014, venho investindo pesado na reestruturação das casas, inclusive na construção de uma cozinha central na Rua Matias Aires.” Nesse período, calcula ter injetado nos restaurantes, pelo menos, 5 milhões de reais.
O rei do pedaço não pensa em abrir nada longe dali. “A região do Baixo Augusta é a melhor de São Paulo quando o assunto é gastronomia.” O empresário não se refere só aos restaurantes, já que seu apartamento fica na Rua Antônio Carlos. “Com o trânsito de São Paulo, nem daria para morar em outro lugar.”