A moda dos hambúrgueres compactos que custam no máximo 15 reais
Saiba onde encontrar em São Paulo três lanchonetes inspiradas nas pioneiras redes de fast-food dos Estados Unidos

Antes da inauguração, em 1º de abril, o treinamento dos cinco funcionários da Patties, no Brooklin, teve uma atividade fora do comum: a exibição do filme Fome de Poder. O longa-metragem conta a história de como a lanchonete tocada pelos irmãos Dick e Mac McDonald, no sul da Califórnia, se transformou no fast-food mais conhecido do mundo. Para Henrique Azeredo, sócio da hamburgueria recém-aberta ao lado da dupla Jean Ponce e Greigor Caisley, donos também do Guarita e do Guarita Burger, pouco importa o turning point do negócio americano. Pelo contrário, a grande inspiração — e a razão do “cinema” em equipe — é o início do McDonald’s e de outras marcas, como White Manna e White Castle. “A industrialização dos fast-food fez o termo ganhar o sinônimo de veneno. Queremos recuperar a sua essência”, acredita Azeredo. Assim como a Patties, outros endereços pela cidade estão oferecendo hambúrgueres compactos, que podem ser comidos aos montes, feitos com insumos frescos a preços razoáveis.

Especialista na pedida, o consultor de bares e restaurantes Marcos Lee acredita que a tendência do setor é a simplificação. “Os clientes cansaram de muita regra, como a escolha do ponto da carne, e os donos dos estabelecimentos entenderam que isso facilita a operação”, diz. O cardápio reduzido é outra característica dos negócios. No Brooklin, são somente três opções de hambúrguer, que custam entre 13 e 15 reais. Além do molho de queijos, preparado no local todas as manhãs, os sanduíches ganham, no máximo, salada, picles ou molho. O pão, fornecido pela Aryzta, é o mesmo que chega às lojas do McDonald’s. Entregue diariamente, o blend de costela e fraldinha tem molde inédito na cidade. Apelidado de ultrasmash, é ainda mais fino do que o smash, versão apresentada aos paulistanos por meio da Bullguer, em 2015. Em vez do disco de 100 gramas de carne, a novidade tem meros 40 gramas e entra sempre em dose dupla nos sanduíches. “A técnica de pressioná-lo na chapa é igual para os dois modelos, mas, quanto mais fino, mais crocante”, explica o australiano Caisley. Para o chef, a Patties desperta nas pessoas a memória afetiva. Ajudam a intensificar o clima nostálgico a máquina de refrigerantes em roupagem antiga e o uniforme da brigada, que se assemelha àqueles da rede americana quando tinha apenas um endereço. O espaço minúsculo — são apenas duas banquetas — faz com que o público leve o pedido para casa ou coma pelos arredores, na praça e na calçada.

O mesmo acontece na Sliders, nos Jardins, onde os sandubas de 100 gramas, no total, seguem o passo a passo da White Castle, dona do hambúrguer mais influente do mundo segundo a revista Time, em 2014. “São somente quatro ingredientes: pão, carne, queijo e cebola. Ainda assim, demoramos dois anos para chegar à combinação perfeita”, conta o sócio Bruno Jacob. A cebola entra na chapa e serve como um colchão para o pequeno disco de carne, cozido no vapor do vegetal. Uma placa marca o número recorde consumido por pessoa. O campeão atual botou para dentro 46 mini-hambúrgueres. A média, mais comedida, é de três unidades. Cada opção custa entre 8 e 10 reais.

A Burger X, casa virtual que funciona somente via aplicativo de entrega, também tem o preço como chamariz. Independentemente de qual dos quatro hambúrgueres o cliente escolha, o valor é sempre igual: 10 reais. “Não adianta cobrar barato e ser uma porcaria. Tem de ter qualidade”, entende Jorge Boratto. A resposta do público tem sido positiva. Juntas, as três casas expedem cerca de 1 800 sanduíches por dia. Fernando Vilela, diretor da área de crescimento na Rappi Brasil, diz que a venda de pedidas menores e mais em conta é um dos caminhos que levaram a nova proposta a prosperar. “Preços baixos convidam as pessoas a deixar de cozinhar em casa”, arrisca.

Burger X. Só entrega via Rappi.
Patties. Rua Flórida, 1420, Brooklin Paulista. Não tem telefone.
Sliders. Rua Haddock Lobo, 891, Cerqueira César Tel.: 11 3061-2524.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 15 de maio de 2019, edição nº 2634.