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A expansão do circuito de feiras orgânicas em São Paulo

Novos espaços engordam o mercado de produtos sem agrotóxicos

Por Júlia Gouveia
Atualizado em 20 jan 2022, 09h52 - Publicado em 10 out 2014, 23h00
feira de orgânicos no largo da batata
Próximo ao metrô Faria Lima: Largo da Batata recebe festa ao ar livre neste sábado (3) (Fernando Moraes/Veja SP)
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Cerca de 880 feiras livres são realizadas por semana nas ruas da capital, e em geral oferecem produtos bastante parecidos. Nesse cenário quase uniforme, uma categoria específica, a das exclusivamente orgânicas, vem ganhando cada vez mais visibilidade e adeptos. Desde agosto, dois novos eventos ao ar livre com mercadorias sem agrotóxicos nem aditivos químicos começaram a funcionar na região de Pinheiros: um no estacionamento do Shopping VillaLobos, aos domingos, e o outro no Largo da Batata, às quartas.

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Cerca de dez iniciativas do tipo, a maior parte delas aberta nos últimos dois anos, ocorrem em vários pontos da metrópole. “Estamos vivendo um momento especial para o produtor dessa área”, comemora Marcio Stanziani, secretário executivo da Associação de Agricultura Orgânica (AAO), uma das principais entidades do setor, responsável pela feira no Parque da Água Branca, a maior e mais antiga de São Paulo, em funcionamento desde 1991.

Todas essas empreitadas ecologicamente corretas têm visual e funcionamento similares aos das convencionais: barracas de madeira e lona, cartazes com preços anotados a lápis e comerciantes que enumeram promoções em voz alta para atrair a clientela. Entre as mercadorias disponíveis, no entanto, há grandes diferenças. Além de todos os produtos serem cultivados de modo orgânico, aparecem comidinhas naturebas da moda, como garrafas de bebidas detox, nibs decacau (sementes da fruta trituradas e torradas) e bolos e pães funcionais (produzidos com ingredientes alternativos). E, no lugar do célebre pastel com caldo de cana, é oferecido um café da manhã saudável, com sucos verdes, saladas de frutas e sanduíches nutritivos.

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No Shopping VillaLobos, por exemplo, há feirantes que vendem massas frescas, azeites, flores comestíveis, sorvetes, entre outras novidades para esse tipo de comércio. Inaugurado em 31 de agosto, o evento é uma parceria da AAO com o centro comercial e caiu no gosto dos moradores do Alto de Pinheiros. “Tenho vindo todos os fins de semana”, diz a dentista Ana Célia Gil, vizinha do empreendimento. “Fiquei impressionada ao perceber que os legumes e verduras duram mais tempo na geladeira, além de ser bem mais saborosos”, conta.

 

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A Quarta no Largo, como é chamada a feira no Largo da Batata, tem porte menor, com cerca de dez comerciantes. Promovida pela prefeitura, integra uma política para incentivar a produção e o consumo dos orgânicos. Desde 2012, foram abertas outras quatro: no Modelódromo do Parque do Ibirapuera, no Parque Burle Marx, no Parque do Carmo e no Mercado Municipal Kinjo Yamato, no centro. “Para 2015, a perspectiva é criar mais três espaços”, afirma Luis Henrique Meira, diretor do departamento de agricultura da Supervisão Geral de Abastecimento, ligada à Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo.

Os produtores, geralmente da região de Parelheiros e arredores da capital, comemoram o aumento do faturamento causado pela abertura dos novos locais.“Minhas vendas cresceram cerca de 200% em seis anos”, diz o agricultor Zundi Murakami, que planta bananas orgânicas desde 2008. “Agora quero fazer biomassa e farinha de banana verde”, diz, referindo-se a hits entre os naturebas. Há quatro anos participando dessas feiras, Ivan Messiano, dono de um sítio que cultiva frutas vermelhas em Gonçalves, no sul de Minas Gerais, diversificou seus produtos — vende agora polpa congelada, sorvetes e sucos. “Tem cada vez mais gente circulando”, afirma.

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Outro atrativo dos novos negócios são os eventos organizados em paralelo. No Modelódromo, por exemplo, todo mês ocorre o Chef na Feira, em que um cozinheiro famoso ensina o preparo de um prato saudável. “As feiras se tornaram um lugar de convivência onde os frequentadores vêm com a família toda”, conta Ana Flávia Badue, uma das organizadoras da reunião no Ibirapuera. Queridinha do público, a feira do Modelódromo envolveu-se em uma polêmica em maio: chegou a ser cancelada, pois não teria autorização para funcionar. Houve uma mobilização coletiva por meio de um abaixo assinado com 5 000 adesões, e a sua permanência foi garantida pela prefeitura.

Estima-se que o mercado brasileiro de orgânicos vai faturar 2 bilhões de reais em 2014, 35% mais do que no ano anterior. Só nas lojas paulistanas do Pão de Açúcar, rede de supermercados que há vinte anos aposta nesse segmento, as vendas aumentam 30% por ano desde 2010. A barreira para uma popularização ainda maior continua sendo o preço, em geral 30% mais alto que o dos produtos convencionais. “As frutas são mais difíceis de cultivar, daí o valor alto”, afirma Stanziani. “Mas hortaliças e alguns legumes já são produzidos por um custo muito mais baixo.”

feira orgânica da água branca
feira orgânica da água branca ()
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Feira Biodinâmica e Orgânica

Largo da Batata

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Mercado Municipal Kinjo Yamato

Modelódromo do Parque do Ibirapuera

– Parque da Água Branca

Shopping VillaLobos

 

 

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