“Esse disco chega mais na alma”, diz Tim Bernardes sobre novo álbum
Mil Coisas Invisíveis, lançado na noite desta terça-feira (14), é o nome do novo trabalho do cantor e compositor paulistano, também membro da banda O Terno
Após uma espera de cinco anos, o aguardado segundo disco solo do cantor e compositor paulistano Tim Bernardes, Mil Coisas Invisíveis (2022), veio ao mundo na noite desta terça-feira (14).
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Com 15 faixas, o álbum duplo, lançado pelo Coala Records, selo do Coala Festival, é o sucessor do estreante Recomeçar (2017). O tempo entre os dois não foi silencioso – em 2019, com sua banda O Terno, Tim lançou o disco Atrás/Além, e, nos últimos anos, teve canções gravadas por Gal Costa, Maria Bethânia e Alaíde Costa e compôs parcerias com nomes como Jards Macalé e Erasmo Carlos.
Sem a melancolia matriz do antecessor, Mil Coisas Invisíveis traz canções envoltas por uma sonoridade que une os dois trabalhos: arranjos de produção minimalista, guiados por violão acústico ou piano, com presença de cordas. A nova leva de canções é mais diversificada – seja nos temas abordados, por vezes mais amplos e espirituais, seja na própria estrutura das composições, ora com letras prolixas (que lembram a lírica do compositor paulistano Maurício Pereira, pai de Tim), como no conto-canção Última Vez, ora com textos concisos, como em Falta.
“A maioria das músicas foram feitas antes da pandemia. É um disco um pouco mais eclético do que Atrás/Além (2019) e Recomeçar (2017), que giram em torno de um tema só, cada um”, disse Tim em entrevista à Vejinha. Entre os frutos pandêmicos, as canções que abrem o disco: Nascer, Viver, Morrer e Fases. “Eu quis começar com elas duas para dar esse tom do disco – que é o que o diferencia de Recomeçar (2017). É um disco mais do espanto com a presença não-material da existência, ele tem um lado mais astral”, conta.
Sobre o título, Mil Coisas Invisíveis, Tim detalha o sentimento que inspirou o mote do álbum: “Eu acho que esse disco chega mais na alma. Ele pega esse sensação que a pandemia me trouxe que, quando a gente para, quando a gente tá quieto, a gente continua existindo. É esse ‘só ser’ que o Gil fala em Preciso Aprender a Só Ser: a simplicidade de você reparar que existe”.
Paisagens paulistanas, com citação de bairros como Santa Cecília, em BB (Garupa Amarela), e da Avenida Pompéia, em Velha Amiga, permeiam as letras. “Eu tive um jeito mais livre de compor as canções desse disco. Eu comecei a entender que o específico às vezes é um ingrediente que consegue falar ainda mais diretamente com as pessoas”, conta. Liberdade que rendeu, também, uma autorreferência jocosa no título da música A Balada de Tim Bernardes.
“É uma coisa de entender que o personagem já existe, eu querendo ou não. Eu já sou também uma persona do que as pessoas acham que eu sou. Então jogar um pouco com essa mística, que nem o Dylan fazia em Bob Dylan’s Dream, ou em a Balada de John e Yoko, tem a ver com estar em um momento em que faz sentido bancar esse tipo de coisa”, disse Tim.
Sobre as pressões do cenário musical contemporâneo em trazer, à cada passo na carreira, grandes novidades ou reformulações, Tim não se mostra abalado. “Acho que sobre isso de trazer coisas modernas eu não sinto uma pressão. Eu comecei a fazer música justamente não acreditando muito nessas máximas. Às vezes uma coisa de 1966, quando é contextualizada, representa uma novidade maior até do que a sonoridade da última banda indie”, diz. “Agora, retrô eu não tenho vontade de soar”, completou Tim.
Apesar do lançamento, as apresentações ao vivo do novo trabalho vão demorar um pouco para chegar aos palcos brasileiros. Isto porque o músico fará os shows de abertura da turnê americana da banda indie-folk Fleet Foxes, entre junho e julho. “Vai ter um lado de me reaquecer a fazer show, de experimentar algumas dessas canções ao vivo, mas eu acho que quando chegar aqui vou ter que preparar um show do disco – lá é uma apresentação para um público de fora”, disse o músico.
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