Astro brasileiro da guitarra, Mateus Asato lança disco de estreia em 2024
Guitarrista nacional mais influente do momento já acompanhou artistas como Bruno Mars, Jessie J e Tori Kelly; o músico se apresenta em São Paulo no dia 27
Mateus Asato, 30, zerou o currículo tradicional de um guitarrista de sucesso. Nos últimos dez anos, acompanhou artistas como Bruno Mars, Jessie J e Tori Kelly em turnês mundiais, shows em estádios, grandes festivais, e chegou a se apresentar no palco do Grammy, a premiação mais prestigiada da música. Agora, embarca em um novo desafio: se lançar como um artista solo.
O instrumentista conversou com a Vejinha diretamente de sua cidade natal, Campo Grande, em Mato Grosso do Sul — ele, que vive em Los Angeles, está no Brasil por uma curta temporada, que inclui os seus primeiros shows solo no país natal.
As duas sessões no Blue Note, no dia 27, estão esgotadas. “Convidei dois amigos que estudaram comigo na faculdade, um do Japão e o outro da Coreia do Sul, que por sorte estão aqui, e alguns meninos do Brasil também. Estrategicamente, talvez esse show não seja a ideia mais sábia, porque você costuma ficar quietinho quando está gravando um disco. Mas eu confesso que não estou nem aí para isso”, diz o músico.
De volta à casa da sua família, recarregou as energias da inspiração para organizar as músicas do seu primeiro álbum autoral, previsto para o segundo semestre. “Esse lugar me entrega muitas coisas, liberdade, paz, me sinto menos enjaulado. Aqui eu acabo lapidando tudo, depois de me juntar com produtores e compositores. Em março, volto para lá (Los Angeles) para finalizar tudo”, conta Mateus.
Com um sotaque discreto que puxa para o inglês americano, às vezes as palavras chegam primeiro na língua estrangeira para Mateus. Isto porque, com 19 anos, Asato partiu para a Califórnia para estudar música no Musicians Institute (GIT) e, logo depois de formado, começou a acompanhar nomes emergentes da música pop estadunidense.
Ao mesmo tempo, os vídeos que postava na internet tocando guitarra começaram a viralizar, criando uma base de ouvintes e fãs no mundo inteiro — hoje são mais de 1,3 milhão de seguidores no Instagram e uma coleção de elogios de nomes como John Mayer e revistas como a Guitar World.
“Dos 21 aos 29, só acompanhei artistas. Foram anos incríveis, que me trouxeram maturidade, mas eu sinto que é tempo de um novo capítulo”, diz.
Seu disco de estreia será híbrido, com temas instrumentais e também canções com letras, cantadas por participações especiais. “Estou cada vez mais fascinado pelo Santana. Ele é a minha maior referência em termos de carreira”, conta o artista.
O lendário guitarrista mexicano, assim como Mateus, não canta — e seu disco mais aclamado, o pop Supernatural (1999), repleto de participações estelares, é uma referência para o brasileiro. “No momento, estou fazendo a lapidação das músicas, e as colaborações eu deixo em stand-by… posso dizer que a galera vai ficar muito feliz e surpresa”, conta.
Quando questionado sobre qual o show mais marcante da sua carreira, a resposta pode não parecer óbvia. “Pelo lado afetivo, foi a primeira vez que toquei no Brasil depois de ter me mudado para Los Angeles. Aconteceu no Espaço das Américas, com a Jessie J, em 2019. Foi a primeira vez que a minha família me assistiu, eles nunca tinham me visitado nos Estados Unidos. Foi quando caiu a ficha de que estava realmente acontecendo”, relembra o músico.
“Sempre fui muito movido a nostalgia, acho que isso acaba até refletindo na minha forma de tocar e nas minhas composições. Desde que eu me mudei, virei um cara mais saudosista e prezo muito o Brasil como meu lugar prioritário”, diz.
Além de Campo Grande, São Paulo ganhou um espaço maior na vida do músico desde que começou a se relacionar com a influenciadora Maju Trindade — hoje os dois estão noivos e mantêm um relacionamento a distância.
“Nós nos conhecemos em 2017, desde então marco presença na terra da garoa pelo menos quatro, cinco vezes ao ano”, conta o guitarrista. Sobre planos de viverem no exterior ou no Brasil, é uma incógnita. “Morar fora requer muita burocracia. Minha terra prometida acaba sendo Los Angeles, é por onde passa todo o meu trabalho. Mas no momento estamos deixando isso em aberto.”
Em dezembro último, Mateus completou 30 anos — uma nova década para uma nova etapa da carreira. “Essa idade é uma representação da minha maturidade musical e de uma nova fase da vida. Sinto que realizei tudo aquilo que eu almejava desde criança, principalmente com o Bruno (Mars): tocar nos maiores eventos, nas maiores casas de show. Isso me trouxe uma realização muito grande, mas, ao mesmo tempo, não me completou 100%. Uma vez que você acompanha um artista, você está prestando um serviço. Em termos artísticos, sempre me enxerguei mais como um criador. Então estou nessa página da minha vida, em que eu quero criar. Essa nova década representa isso”, conclui.
Publicado em VEJA São Paulo de 16 de fevereiro de 2024, edição nº 2880