3 perguntas para Céu: artista lança o disco ‘Novela’ em São Paulo
"Minha arte está vinculada ao sentir", disse a cantora e compositora, em entrevista à Vejinha; show acontece na Audio nesta sexta (9)
Em seu novo disco, lançado em abril, Céu canta sobre as tramas da vida cotidiana. Por meio da escrita de crônicas, a artista paulistana assume: “Eu sou a protagonista da minha novela” (em Into My Novela).
Acompanhando o conteúdo realista das canções, ela decidiu mudar a sonoridade eletrônica cheia de sintetizadores dos trabalhos anteriores para um som analógico e orgânico.
O resultado é a gravação ao vivo no Linear Labs Studio, em Los Angeles, Califórnia (EUA), produzida pelo norte-americano Adrian Younge, dono do estúdio, e Pupillo Oliveira, parceiro de longa data de Céu.
Assim nasceu o álbum Novela (2024), que reforça a marca de versatilidade e ecletismo da cantora, indo do soul, passando pelo rap e chegando ao bolero. Tem participações especiais de Ladybug Mecca, anaiis e Loren Oden.
Depois de passar pelo Rio e por vários países da Europa, ela chega nesta sexta-feira (9) a São Paulo com a turnê do disco.
A apresentação é especial não só por ser em sua cidade natal, mas também por ter a participação de Liniker, “uma artista gigante, com uma alma preciosa e uma força artística incrível”, como descreve.
Além das doze novas faixas, a artista vencedora do Grammy Latino revisitará sucessos como Malemolência, Varanda Suspensa e Concrete Jungle, com banda completa.
Haverá ainda discotecagem de Younge e Oliveira. 18 anos. Audio. Avenida Francisco Matarazzo, 694, Água Branca, ☎ 3675-1991. ♿ Sex. (9), 21h. R$ 60,00. audiosp. com.br.
3 perguntas para Céu
Por que decidiu deixar a sonoridade eletrônica?
Passamos por períodos muito complexos nos últimos anos. Foram grandes mudanças em todos os aspectos. O pós-pandemia, a inteligência artificial sendo realmente parte da nossa vida. O disco é todo analógico. É o modo como esse novo mundo reflete na minha forma de pensar arte. Sair da minha zona de conforto, frente a pessoa que sou, mulher, mãe, latinoamericana, com 20 anos de carreira, batalhando por meu espaço, levando música para o mundo. Minha arte está vinculada ao sentir. É um jeito perigoso de se viver porque não é muito mercadológico. Mas é o jeito que meu coração me manda fazer, contar para as pessoas o que sinto no meu momento presente.
Para o novo álbum, você se inspirou nas novelas. Quais mais te marcaram?
Amei muito Avenida Brasil. Das mais antigas, da TV Manchete, era fã de Pantanal, Pedra sobre Pedra e Vale Tudo. Queria trazer esses códigos bem nossos, dentro do Brasil, para o disco. Vejo nós brasileiros nesses dilemas das novelas, meio bom, meio ruim. Meio surrealismo fantástico às vezes. A novela pode entrar em diversos lugares, e essa era a ideia.
A capital paulista interpretou algum papel na produção desse disco?
São Paulo sempre me inspirou muito. Sou paulistana clássica, apaixonada pela cidade. Ela consegue ser muito agressiva e tensa, mas parece que tem tentáculos e te puxa. Já morei em vários cantos, não dá para sair. A arte que eu faço só poderia acontecer porque nasci em São Paulo. Essa pluralidade de gêneros, recortes, como se fosse um painel mesmo. Foi em uma festa na capital, na casa de um amigo em Higienópolis, que conheci Adrian e a gente percebeu que tinha que trabalhar junto.
Publicado em VEJA São Paulo de 9 de agosto de 2024, edição nº 2905