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O empolgante novo cinema polonês na Netflix e outras plataformas digitais

Inédito nos cinemas brasileiros, Supernova é um dos ótimos filmes produzidos no país do Leste Europeu

Por Miguel Barbieri Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 13 ago 2020, 10h55 - Publicado em 13 ago 2020, 10h53
Cena de Supernova: o caos após a tragédia  (Divulgação/Divulgação)
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Corpus Christi foi o representante da Polônia no Oscar 2020 de melhor filme estrangeiro – e perdeu para Parasita. Como gostei muito do filme, lançado diretamente nas plataformas digitais de aluguel, como o NOW e o Looke, fui atrás de outros longas-metragens, que ficaram inéditos nos cinemas brasileiros, produzidos no país do Leste Europeu. E olha que surpresa! Encontrei mais quatro filmes igualmente empolgantes. Confira abaixo (e lá no fim do texto tem minha opinião de Corpus Christi).

Supernova > Numa área rural, uma mulher dá adeus ao marido e pega a estradinha levando, sem rumo, os dois filhos. Logo em seguida, uma tragédia se desenrola com três corpos estendidos no chão. O atropelador, um motorista engravatado e engomadinho, sai do carro sem prestar socorro às vítimas. Como se nada tivesse acontecido, ele faz ligações pelo celular. Nota-se, então, que se trata de alguém importante, uma autoridade do governo que não quer ver seu nome ligado ao crime. Chegam ao local um dupla de policiais, a ambulância, uma multidão de curiosos e… o caos está instaurado! O primeiro longa-metragem de Bartosz Kruhlik, é um potente microcosmo da Polônia que traça, nas entrelinhas do acidente, um contundente registro da corrupção e das diferenças sociais. Extremamente talentoso, o diretor/roteirista trabalha com pouco: uma única locação, protagonistas marcantes e uma dúzia de coadjuvantes, reunidos num ambiente prestes a entrar em convulsão. Seus enxutos 78 minutos passam voando. NOW, Looke e outras plataformas de aluguel.

Rede de Ódio > O diretor Jan Komasa ficou internacionalmente conhecido quando Corpus Christi concorreu ao Oscar 2020 de melhor filme internacional. Seu novo trabalho tem, novamente, um protagonista perturbador e a revelação de um ator estupendo. Maciej Musialowski interpreta Tomasz Giemza, um estudante que, acusado de plágio, é expulso da faculdade de direito. De família humilde, ele vai jantar com os ricaços que pagaram seus estudos e sai de lá arrasado após escutar as humilhações dos benfeitores. Mas Tomasz, esperto, consegue dar a volta por cima ao se oferecer para trabalhar numa agência de redes sociais que, antiética, cria fake news para desmoralizar de musas fitness a políticos. Fica evidente que o protagonista é um sociopata com sede de vingança e poder. Embora longo (135 minutos) e levemente prejudicado por muitas subtramas, o filme vai assumindo sua escalada rumo à violência desenfreada, o que só combina com a personalidade doentia do personagem principal. Netflix.

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A Arte de Amar > Michalina Wislocka, papel da excelente Magdalena Boczarska, tenta, insistentemente, publicar um livro na Polônia comunista de 1970. O assunto é tabu: a médica aborda o amor, o sexo e o orgasmo feminino de forma natural e transparente. O governo e a Igreja, que a censuram, também reprovam seu comportamento liberal. Para explicar a origem dessa personagem verídica, o filme volta no tempo e, a partir da II Guerra, a flagra envolvida num triângulo amoroso com o marido e a melhor amiga. Haverá ainda outros conflitos pessoais e uma paixão arrebatadora ao longo de quase três décadas. À frente de sua época, Michalina (1921-2005) foi uma famosa sexóloga e escritora do best-seller que dá nome à sua cinebiografia. Com um acertado roteiro, que alterna passado com presente, o filme vai desconstruindo a lenda. Por trás da mulher batalhadora e sexualmente ativa existia uma experiente doutora de intimidade conturbada. Netflix.

Morte às Seis da Tarde > Helena, interpretada por Malgorzata Kozuchowska, tem um excêntrico corte de cabelo e pouco se importa com o visual. O motivo para o desleixo com a aparência e a obsessão pelo trabalho está ligado a um trauma. Na linha de frente de uma investigação, a policial corre contra o tempo para descobrir quem é o assassino por trás dos crimes que ocorrem, diariamente e no mesmo horário, na pacata cidade de Breslávia. Diretor e roteirista, Patryk Vega bebe na fonte certeira das histórias de serial killers, na linha de Seven. O realizador abandona a sutileza — das autópsias aos assassinatos horripilantes, tudo é mostrado de forma explícita e com violência realista. Vale o aviso: a derradeira cena pode deixar o espectador com perguntas em suspense, mas que são compensadas com as duas ótimas reviravoltas no miolo da trama. Netflix.

Corpus Christi > Foi o representante da Polônia no Oscar 2020 de melhor filme internacional e perdeu para o sul-coreano Parasita. Na trama, Daniel (o estupendo Bartosz Bielenia) sai de um centro de detenção para trabalhar numa fazenda no interior da Polônia. Castigado pela vida e com a violência entranhada em sua rebelde personalidade, ele é confundido, na chegada ao vilarejo, com o padre substituto da igreja local. Decide, então, se passar pelo pároco, celebrar missas (sem a mínima noção de seu papel) e até ouvir confissões. NOW, Looke e outras plataformas de aluguel.

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