Metrô renova obras de arte da Linha Vermelha
Após meses de trabalho, projeto de restauro deu vida nova aos painéis das estações Sé, República e Anhangabaú
Um alento em meio à correria do dia a dia, o acervo de mais de noventa obras de arte que adornam os corredores, plataformas, jardins e túneis do Metrô de São Paulo vem sendo restaurado pelo projeto Conservação de Obras de Arte em Espaços Públicos.
Finalizada neste mês, a quarta fase da necessária empreitada deixou tinindo quatro composições expostas nas estações Sé, República e Anhangabaú, todas da Linha Vermelha.
“É um acervo rico, capaz de melhorar a qualidade de vida de quem passa por ali”, avalia Eduardo Lara, sócio-diretor da InfoArte, produtora cultural responsável pela iniciativa.
Com investimento de 450 000 reais, o processo de restauro começou em 25 de janeiro e envolveu técnicas de higienização, recuperação de superfícies e cores, retirada de manchas e polimento.
Na Sé, um mural com 33 metros de comprimento, produzido em 1978 pela ilustradora Renina Katz, foi retocado após anos de desgaste. “Como fica em um corredor, muita gente passa e acaba esbarrando.”
O trabalho mais deteriorado era o painel de 16 metros do artista plástico paulista Antonio Peticov, Momento Antropofágico com Oswald de Andrade (1990), instalado na República. “Além da limpeza e pintura, trocamos muitos dos azulejos, que estavam soltos devido à trepidação, e mudamos a iluminação para lâmpadas de LED”, detalha Eduardo.
Em alguns casos, o serviço só pode ser feito de madrugada, nas horas em que o metrô fica fechado, mas muitas dessas criações são renovadas à luz do dia.
Para a instalação In Vitro (2002), do artista carioca Mário Fraga, a equipe trabalhou quase dentro da via na Estação Anhangabaú, acessando a obra por cima do local onde circula o trem. Com essa “manobra”, reformaram 42 vitrais e dezoito espelhos coloridos acomodados em um vão atrás dos trilhos.
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A obra Fiesta (1986), do pintor paulista Waldemar Zaidler, que decora a plataforma da Estação Sé, ainda reservava uma surpresa.
“No meio do trabalho, descobrimos algumas colagens que não estavam descritas”, conta o idealizador do projeto, sobre o painel de 10 metros de largura que retrata duas pessoas em um momento de celebração.
Com previsão para começar no fim deste ano, a próxima leva de restauros já está sendo planejada pelo grupo e será voltada para obras de estações como Tatuapé, Paulista, São Bento e Ana Rosa.
“O objetivo não é só conservar a obra, mas voltar a atenção para ela e despertar a sensibilidade”, completa Eduardo.
Publicado em VEJA São Paulo de 24 de maio de 2024, edição nº 2894