No domingo (7), a jornalista Leda Nagle, 68, gerou polêmica no Twitter ao falar sobre o trabalho no armazém dos pais aos 10 anos. Entre elogios e críticas, internautas interpretaram a atitude como uma forma de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, que defendera o trabalho infantil na quinta 4. A seguir, a jornalista fala sobre o assunto.
O seu tuíte foi uma forma de apoiar o presidente?
Não. Como jornalista, politicamente, sou em cima do muro e vou me manter aqui. Sou tachada de comunista e direitista, dependendo da personalidade que entrevisto (em seu canal no YouTube, ela já recebeu o vereador Carlos Bolsonaro, o autor Olavo de Carvalho, o jurista Ives Gandra, o ator Carlos Vereza…). É como diz a letra de Ana Carolina: vou “dando linha”.
Acha que alguns podem usar discursos como o seu e o do presidente para explorar crianças?
Só contei a minha experiência, muito enriquecedora. Aliás, vou narrá-la na autobiografia O que Vi e Vivi, sem previsão de lançamento. Meu filho (o ator Duda Nagle) quis trabalhar na adolescência numa pet shop, e foi muito bom para sua educação. É bem diferente de defender crianças em serviços pesados.
Ao abordar essa visão política, conquistou alta repercussão na web.
Levei um susto. Não há um debate saudável ali. São muitos haters, fui apedrejada. Mas não voltarei atrás em uma opinião por causa de críticas.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 17 de julho de 2019, edição nº 2643.