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Festival Vórtice reúne 100 artistas brasileiros com obras sobre erotismo

Fetiches e questões de gênero permeiam a seleção da mostra no Edifício Vera

Por Humberto Abdo
Atualizado em 31 Maio 2024, 20h13 - Publicado em 30 Maio 2024, 23h00
Pintura mostra dois pares de pernas masculinas e tapete colorido
Lutinha (2024), de João Guilherme Parisi (João Guilherme Parisi/Festival Vórtice/Divulgação)
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Com 100 artistas brasileiros, a terceira edição do Festival Vórtice ocupa, a partir desta sexta (31), o 1º piso do Edifício Vera, no Centro. Em um espaço de 195 metros quadrados, a mostra dedicada à sexualidade reúne obras sobre identidade de gênero, fetiche e outros temas.

Após estrear em 2022 com o nome de Salão de Arte Homoerótica, o festival foi rebatizado para contemplar expressões artísticas mais diversas, em contraste com a proposta inicial, que destacava apenas o gay masculino.

Pintura vermelha de mulher de cabelos curtos de costas e dois caminhões colidindo em suas costas
Calor na Nuca (2023), de maisumamariana (maisumamariana/Festival Vórtice/Divulgação)

“Tratamos de erotismo, mas também de feminilidade, masculinidade e corpos dissidentes”, define Paulo Cibella, idealizador ao lado do artista plástico Leonardo Maciel. “Entre os artistas, temos até senhoras hétero na casa dos 60 anos que produzem arte erótica.”

Questões de gênero e de diversidade sexual nas artes já foram motivo de polêmica anteriormente. O caso mais emblemático foi o da exposição Queermuseu, em 2017, em cartaz durante quase um mês em Porto Alegre e cancelada após uma onda de protestos nas redes sociais. A maioria apontava apologia à zoofilia e à pedofilia e blasfêmia contra símbolos religiosos.

“Nós analisamos o que historicamente deu problema em outras exposições e por isso optamos por uma curadoria que só fala de sexo”, explica Paulo.

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Pintura de mulher e frase à esquerda diz
Em Crise (2024), de Cynthia Loeb (Cynthia Loeb/Festival Vórtice/Divulgação)

“Foi sempre doloroso lutar por uma coisa mínima, que é existir e fazer sua arte. Às vezes não conseguimos avançar no discurso porque ainda estamos lutando pelo espaço para expor”, diz a curadora independente Khadyg Fares. “Existe uma certa recepção dessas obras, mas em lugares ainda muito nichados.”

Uma exceção é a programação do Masp, que durante o ano todo vai abordar histórias da diversidade LGBTQIA+ ao redor do mundo.

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Imagem de dois homens nus com colagens de desenho animado na área da virilha e dos rostos
Gancho & Peter Pan (2023), de Luiz Sisinno (Luiz Sisinno/Festival Vórtice/Divulgação)
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“Mas, em geral, são produções que aparecem pontualmente”, acredita o crítico cultural e curador Icaro Ferraz Vidal Jr. “O próprio Festival Vórtice é emblemático, algo que se dá de forma independente e com maior autonomia, o que está longe de ser o ideal.”

A mudança no nome do evento também se adapta a esse cenário, mas sem abrir mão da sexualidade como fio condutor. “Isso ajuda a preparar terreno para possíveis editais e leis de incentivo no ano que vem. O termo ‘arte erótica’ poderia ser um impasse”, descreve Leonardo.

Por enquanto, a dupla de curadores só conta com o apoio financeiro de alguns amigos e, ao longo do ano, ainda mantém oficinas de arte e uma biblioteca homoerótica no 7º andar do Vera.

“As pessoas já conhecem o trabalho do Vórtice. Nós últimos dois anos, realizamos vinte exposições e pelo menos dez foram ligadas a esse tema”, acrescenta Paulo.

Pintura de corpos amarelos posicionados em círculos
Andy’s Candies (2024), de Philipp Anchieta (Philipp Anchieta/Festival Vórtice/Divulgação)
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Para um projeto que nasceu em uma pequena sala com apenas seis artistas, a evolução é grande: cerca de 120 obras compõem a nova leva, entre pinturas, fotografias, bordados e instalações — com valor médio de 800 a 2 000 reais, quase todas estão à venda.

Entre os destaques estão o artista multimídia Hudinilson Júnior (1957­ 2013) e o pintor Alex Flemming, além de nomes como Sérgio Adriano H, Cynthia Loeb e Omar Khouri.

“Ainda é inevitável termos mais homens. Só cerca de 25% das inscrições neste ano foram de mulheres, mas é um grande avanço. No ano passado foram só duas”, contabiliza Leonardo.

Para os próximos anos, eles esperam ampliar ainda mais esse alcance. “É um festival para celebrar a sexualidade como um todo”, assegura Paulo

Rua Álvares Penteado, 87, 1º andar, Centro. Tem acessibilidade. A partir de sexta (31). Seg. a sáb., 10h/19h. Até 30/6. Grátis (entrada com 1 quilo de alimento não perecível). vorticecultural.com

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Pintura de pernas masculinas vestindo shorts e jockstrap brancos
Calção N. 27 (2024), de Lucas Elias (Lucas Elias/Festival Vórtice/Divulgação)
Torso masculino desenhado em fundo azul
Torso Masculino (2023), de Tolentino Ferraz (Tolentino Ferraz/Festival Vórtice/Divulgação)
Pintura de duas pernas pendendo como se abaixo de um assento
Obra sem título de Felipe Basa (2022) (Felipe Basa/Festival Vórtice/Divulgação)
Boneco segura isqueiro vermelho em pintura
Natureza Morta 07 (Tecnotesão) (2023), de Alexis Lopes (Alexis Lopes/Festival Vórtice/Divulgação)
Três jornais com intervenções artísticas
Bom para o Moral, de G U A R O D E S: intervenção com jornais (G U A R O D E S /Festival Vórtice/Divulgação)
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Publicado em VEJA São Paulo de 31 de maio de 2024, edição nº 2895

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