Terraço Paulistano | VEJA SÃO PAULO

As acusações de racismo no aniversário de Donata Meirelles, ex-diretora da revista Vogue, no mês passado fizeram com que os idealizadores do baile de gala da publicação repensassem o evento, que teve, inclusive, a data postergada e ocorrerá neste sábado (23) no Hotel Unique, nos Jardins. Parte da renda da festa, por exemplo, será destinada a ONGs, entre elas, Gerando Falcões, de Eduardo Lyra.

“Sou amiga da equipe e propus convidar celebridades negras, afinal, segundo estimativas, 22% da classe alta têm a minha raça”, diz Alexandra Loras, ex-consulesa da França e palestrante sobre diversidade.

Entre as personalidades confirmadas, aparecem Joyce Ribeiro, apresentadora do Jornal da Cultura, a cantora Negra Li, as atrizes Maria Gal e Zezé Motta, o ator Dudu de Oliveira, a ex-miss São Paulo Sabrina Paiva, a juíza federal Mylène Ramos e a miss universo surda Thaisy Payo, além das modelos Camila Simoes, Iamonike e Yarasa.

“Quis enegrecer o baile para eu também me ver no baile”, afirma Alexandra. “A gente precisa refletir nosso papel na sociedade e, dessa forma, acabar com o preconceito, algo prejudicial a todos.”

Episódio de racismo

Alexandra conta que volta e meia enfrenta episódios de violência racial. No mês passado, por exemplo, um motorista de aplicativo recusou seu embarque. “Eu estava parada na frente da porta, acenei ao motorista. Ao me ver, ele partiu, deu uma volta no quarteirão, voltou a me olhar e foi embora. Deve ter pensado que eu era a empregada e iria a uma favela. Eu me senti tão humilhada que chorei“, lembra.

Outro episódio marcante ocorreu na época das eleições. “Entrei no carro e o motorista começou a falar comigo ríspido. No auge, olhou para trás e disse: ‘Bolsonaro vai acabar com vocês’. Não sei se ele falou porque eu era mulher ou mulher negra, mas liguei para a polícia na hora e ele me expulsou do carro. No dia seguinte, a equipe da Uber me deu apoio“, lembra.

Alexandra tem usado as redes sociais para refletir episódios como este abaixo: