Danem-se as promessas de ano novo!
Estabelecer metas artificiais é uma das coisas mais potencialmente frustrantes que podemos fazer
Fazer uma lista de promessas para o ano novo. Colar a lista no espelho do banheiro. Não cumprir as promessas. Jogar a lista fora. Fazer uma lista de promessas para o novo ano novo…
Se imaginarmos que o ano é um mandato de cargo eletivo, as promessas de ano novo são como promessas de campanha eleitoral. Se são feitas só para garantir votos, certamente serão esquecidas paulatinamente ao longo do mandato.
Promessas de campanha são feitas de forma artificial – digo, sem medo – pela maioria dos políticos. Porque na euforia da campanha as promessas dão um tempero de esperança de que a vida será melhor. Mas essa euforia perde a força ao longo do tempo se as juras não foram elaboradas de maneira sólida.
O mesmo ocorre com as promessas de ano novo que fazemos a nós mesmos. Se elas servem apenas para que a gente se sinta motivado a mudar a vida para melhor no ano que está prestes a começar, certamente perderão força com o passar dos meses. A bem da verdade, às vezes basta passar janeiro para que caiam no esquecimento.
A questão é que a motivação para mudar não é algo anterior à mudança e muito menos sua causa. Esse é o principal equívoco que faz com que as pessoas não cumpram suas promessas durante o ano seguinte.
O clima festivo de fim de ano combinado com a perspectiva do início de um novo ciclo é contagiante e nos faz entrar no clima e nos enchermos de motivação para estabelecermos metas para o ano seguinte. Mas se essa motivação é baseada apenas no clima de fim de ano, ela é exatamente como os fogos do ano novo: bonitos, coloridos e barulhentos mas, puft, se acabam no mesmo instante da queima.
A motivação não é uma força que sai de dentro da gente e nos confere superpoderes para realizar tudo que queiramos. Pelo contrário, a motivação é resultado de experiências que produzem bons resultados. Planejar não é simplesmente estabelecer metas arbitrárias ou etéreas (como uma Miss que diz desejar a paz mundial). Planejar significa estabelecer metas baseadas em uma reflexão prévia sobre a realidade e, a partir daí, organizar um modo de implementá-las.
Assim, elaborar uma lista de promessas para o ano novo só será útil se essas promessas forem factíveis e, principalmente, se fizerem sentido para você. Do contrário, só servirão para gerar frustração e um sentimento de incapacidade.
Estabelecer metas artificiais é uma das coisas mais potencialmente frustrantes que podemos fazer. Só elabore metas para o ano novo se elas nascerem da sua compreensão sobre o que é importante e faz sentido para você. Do contrário, danem-se a promessas de ano novo. Invista seu tempo em descobrir o que realmente importa para você, ainda que você passe o ano novo inteiro se dedicando apenas a responder esta questão. Feliz ano novo!