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São Paulo nas Alturas

Por Raul Juste Lores Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Redator-chefe de Veja São Paulo, é autor do livro "São Paulo nas Alturas", sobre a Pauliceia dos anos 50. Ex-correspondente em Pequim, Nova York, Washington e Buenos Aires, escreve sobre urbanismo e arquitetura
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Luxo a prestações: Edifício Planalto, construído por Artacho Jurado

Localização estratégica e apês de 44 a 127 m2 em 26 andares: glamour para a classe média

Por Raul Juste Lores Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 12 jun 2020, 19h11 - Publicado em 5 jun 2020, 06h00
 (Ed Lucchini/Veja SP)
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O construtor e arquiteto autodidata Artacho Jurado chegou à primeira divisão no mercado imobiliário paulistano em 1950. Naquele ano em que o Brasil abrigou a Copa do Mundo, ficavam prontos seus três primeiros prédios em altura (Pacaembu, Duque de Caxias e Piauí, com menos de cinquenta apartamentos cada), ainda sem as características pastilhas coloridas na fachada. Meses depois, ele lançou três de seus maiores prédios: Viadutos, em novembro, e Bretagne e Planalto, em dezembro. As 368 unidades de um e dois quartos do Viadutos se esgotaram em duas semanas, então o empreendedor anunciou o vizinho Planalto logo em seguida.

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(Ed Lucchini/Veja SP)
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(Ed Lucchini/Veja SP)

As duas torres de 26 andares ficam na Rua Maria Paula. Na ditadura Vargas, cortiços na área foram removidos para a construção de um conjunto habitacional para a elite sindical de então, o Edifício Japurá. A região se valorizava, mas estava na franja do ainda aristocrático centro de São Paulo, a três quadras da nobre Avenida São Luís. Artacho apostou em fazer ali apartamentos a preços acessíveis. Os anúncios do Edifício Planalto alardeavam “um lar próprio no coração da cidade, em excepcional condição de preço”. Crescido na Zona Leste, de família de imigrantes espanhóis, ele sabia que seu público-alvo não tinha tanta poupança para um imóvel à vista, nem pretendia um endereço “exclusivo”, e temia o valor do condomínio (todos moravam em casas à época). Entretanto, ninguém queria ser discriminado pela vizinhança mais nobre.

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(Ed Lucchini/Veja SP)
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(Ed Lucchini/Veja SP)

Artacho foi convincente: longos terraços aparentam abrigar imóveis maiores (as divisórias entre as menores unidades, de 44 metros quadrados, são discretas); embalagem de luxo, com revestimentos e adornos inspirados em Hollywood; para baratear o condomínio, um salão de festas e um luminoso publicitário no topo podiam ser locados, além de comércio no térreo. Os 294 apês venderam de bate-pronto.

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Publicado em VEJA SÃO PAULO de 10 de junho de 2020, edição nº 2690.

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