#SPSonha: o Parque Augusta precisa de um projeto ambicioso
Espaço corre o risco de repetir a experiência decepcionante de áreas como o Largo da Batata e a Praça Roosevelt
Será que o futuro Parque Augusta repetirá a sina do Largo da Batata? Ou da Praça Roosevelt? São Paulo produz espaços públicos decepcionantes pela falta de ambição das autoridades que pagam a conta. O projeto de Gustavo Cedroni, do Metro Arquitetos, sugeria uma arquibancada para eventos musicais e até uma tentativa de recuperar um riacho que passa embaixo do terreno. Ativistas criticaram a proposta, querendo mais verde. Ainda não se sabe que cara a equipe da prefeitura vai dar ao local.
O “parque” nasceu de forma torta. Um terreno que abrigou uma escola até 1974 foi transformado em “reminiscente de Mata Atlântica”. Moradores de um dos metros quadrados mais valorizados da Pauliceia bateram o pé para que a prefeitura gastasse uma soma milionária para ganhar o seu verde. No raio de 1 quilômetro dali, existem o Trianon, o Mario Covas e as praças Buenos Aires e Roosevelt.
Vizinhos de áreas ricas conseguem essas benfeitorias. O MuBE, na Avenida Europa, surgiu assim. Quem mora no Pacaembu grita hoje pelo direito à sua piscina gratuita. Muitos frequentadores do Belas Artes querem dinheiro público para salvá-lo, na região mais bem servida de cinemas de rua da cidade. Como o orçamento público é finito, nossos engajados deixam para trás a periferia sem parque, cinema nem piscina.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 06 de março de 2019, edição nº 2624.