Um fenômeno saudável espalha-se pelas grandes cidades do Extremo Oriente. De Pequim a Tóquio, de Hong Kong a Seul, aparelhos de ginástica simples, e com material resistente, estão sendo instalados em praças, parques, calçadas e até dentro de condomínios. A razão é clara. Em sociedades com envelhecimento acelerado e índice de natalidade modesto, a saúde de quem tem mais de 60 anos (ou mais de 90, nessas nações de populações longevas) vai definir investimentos e gastos no orçamento público nas próximas décadas.
Como qualquer vovó sabe, é melhor prevenir. Em Singapura, vários playgrounds dos conjuntos habitacionais populares, que abrigam a maioria de seus habitantes, passam por readaptação. Menos brinquedos infantis (não há tantas crianças assim), mais aparelhos para os mais veteranos, de supino, alongamento e coordenação motora, que podem exercitar dos pulsos aos ombros.
A combinação de equipamentos para crianças e septuagenários cria uma bem-vinda convivência, na qual os dois extremos etários ganham, especialmente em se tratando de lugares em que o ensinamento confuciano do respeito aos mais velhos vai bem, obrigado.
Na China, a distribuição desses equipamentos começou para valer em 2008, às vésperas da Olimpíada de Pequim, e virou um grande negócio. Na terra do tai chi chuan (e onde aposentadas lotam praças à noite para dançar ao som de boleros e valsas), esses aparelhos já entraram na pauta das exportações, sendo vendidos principalmente à Europa e à Ásia.
No Brasil, com exceção de praias de elite e alguns poucos parques, essas academias públicas ainda são raridade. As estatísticas não justificam a falta de ação. Até 2030, haverá mais paulistanos acima de 60 anos de idade que menores de 15 anos, segundo estudo da Fundação Seade. Espera-se que, até lá, eles estejam se sacudindo mais.