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Sérgio Quintella é repórter de cidades e trabalha na Vejinha desde 2015
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Prefeito em exercício, Ricardo Nunes mantém tom discreto e diretrizes de Bruno Covas

Após internação do prefeito, vice, que já teve nome envolvido em denúncia de favorecimento a ONG, deve manter agenda de trabalho do chefe

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 Maio 2021, 16h00 - Publicado em 7 Maio 2021, 06h00

Desde que assumiu o posto de vice-prefeito, no dia 1º de janeiro, Ricardo Nunes, 53, ex-vereador por dois mandatos pelo MDB, manteve a mesma característica que o marcou na Câmara Municipal, a discrição. Sem se estabelecer em nenhuma secretaria, ao contrário do que fizera João Doria em 2017 com seu então vice, Bruno Covas, alocado no início da gestão passada na Secretaria das Subprefeituras e depois na Casa Civil, Nunes não assumiu nenhuma pasta. Mas esteve longe de ser um vice decorativo.

De atender a demandas de ex-colegas vereadores em seu gabinete no 6º andar do Edifício Matarazzo (o prefeito despacha no 5º) a ser um dos representantes da cidade na força-tarefa que combate festas clandestinas durante a pandemia, Nunes manteve-se ocupado nos últimos quatro meses. Agora, com o afastamento de Covas, que foi internado no último domingo (2) após um agravamento no quadro de câncer, o vice promete manter a mesma escrita até o fim da licença do titular: ser discreto e focar as diretrizes do mandatário licenciado.

“Acredito que não haverá nenhuma alteração. O próprio Ricardo falou que o prefeito, assim que o avisou sobre o afastamento, pediu para que continuassem os trabalhos. São trinta dias que passam voando”, afirma Reginaldo “Xexéu” Tripoli, líder do PSDB na Câmara.

Entre os secretários, a percepção de manutenção do status quo também permanece. “Ele está cumprindo a agenda de trabalho. A orientação que recebemos dele foi para seguirmos o script. Tratamos com ele os assuntos da mesma forma que trataríamos com o Bruno”, afirma Fábio Lepique, secretário executivo do gabinete do prefeito. “Ele toca a agenda da cidade, é tranquilo e leal.”

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A imagem é uma montagem com duas fotos. À esquerda, Nunes e Covas, de máscara, durante campanha nas ruas de São Paulo, cercados de pessoas. À direita, Nunes está à frente de outros três policias, todos de máscara, com expressão séria encarando a câmera.
Nunes e Covas durante a campanha (à esquerda), e vice com agentes da prefeitura no combate a festas clandestinas (à direita): nada muda (Leo Martins/Alexandre Battibugli/Veja SP)

Católico praticante e ligado à associação de empresários da Zona Sul, Ricardo Nunes compôs a base de apoio dos ex-prefeitos Fernando Haddad (PT) e João Doria (PSDB). No Legislativo, se empenhou para que o tema sexualidade não fosse objeto de aulas nas escolas municipais. Também foi autor de um projeto de lei que cria um sistema de transporte aquático na Represa Billings, seu reduto eleitoral. A proposta, pouco exequível, foi incorporada pela atual gestão e faz parte do Plano de Metas.

Em 2019, foi membro da CPI dos bancos, que investigou a sonegação de imposto sobre serviços (ISS) na capital. “Fiz muitos inimigos na CPI, mas eles são inimigos da cidade, não meus. Teve banco que representou contra mim, fez boletim de ocorrência. Mas não tenho medo”, disse à Vejinha em outubro do ano passado, durante a corrida eleitoral. Na mesma entrevista, falou não acreditar no afastamento do prefeito Bruno Covas, vencedor daquele pleito. “Isso (afastamento) é algo que está descartado. O Bruno está superbem. A saúde dele é fantástica. Não vejo possibilidade de assumir a prefeitura nos próximos quatro anos.”

Ainda durante a campanha, o emedebista foi alvo de denúncias de agressões domésticas e favorecimento a uma ONG após aprovações de leis tributárias. No primeiro caso, sua esposa, Regina Carnovale, chegou a registrar um boletim de ocorrência relatando ameaças e agressões. Na sequência, ambos disseram que passaram por momentos conturbados no casamento, mas negaram agressões.

Em relação à segunda situação, Nunes também se disse inocente. “A denúncia anônima, feita na época da CPI da Sonegação, afirma que eu aprovei duas leis de isenção fiscal para beneficiar a Sobei, uma entidade da qual eu participo há vinte anos. As leis realmente foram criadas, mas a ONG, por ter imunidade tributária, não precisava ser contemplada pela legislação.

Agora que assumiu interinamente o comando da maior cidade do país, o ex-vereador do MDB tem pela frente alguns projetos importantes para tocar com sua ex-casa. Além da revisão do Plano Diretor, a Câmara precisa destravar Programas de Intervenção Urbana, como os da Vila Leopoldina, do centro e Tamanduateí. “Ele não é um político barulhento, coloca o foco e vai até o fim. Na Câmara, se aprofundou nos macrodebates e vai fazer o que tiver de ser feito”, diz o ex-colega de vereança Paulo Frange (PTB).

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Publicado em VEJA São Paulo de 12 de maio de 2021, edição nº 2737

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