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Poder SP - Por Sérgio Quintella

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Sérgio Quintella é repórter de cidades e trabalha na Vejinha desde 2015
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Filhas de Palmirinha Onofre brigam na Justiça por herança milionária

Desavença começou quando irmã mais nova relatou em juízo a existência de apenas 8 reais na conta da mãe

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
12 jan 2024, 06h00
Palmirinha posa com uma mão puxando a orelha, sorrindo e vestindo camisa vermelha de botões dourados.
Palmirinha: inventário ameaçado de impugnação  (../Divulgação)
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Uma das mais carismáticas apresentadoras da televisão brasileira nas últimas décadas, Palmirinha Onofre conquistou não só o público habitué dos programas vespertinos que misturam fofoca e culinária desde meados dos anos 1990 como transcendeu seu alcance para outras plataformas nos períodos subsequentes.

Após deixar a TV Gazeta, em 2010, onde apresentava para as “minhas amiguinhas” um quadro de receitas culinárias simples de fazer, bem como nossas vovós, Palmirinha estrelou comerciais de grandes marcas, a exemplo de Itaú, Ruffles e Seara.

Também teve um programa só seu na TV fechada, virou presença constante em diversas atrações, gastronômicas ou não (como CQC e MasterChef, da Band, Video Music Brasil, da MTV, e Mais Você, da TV Globo, entre muitas outras), e angariou centenas de milhares de seguidores nas redes sociais.

Em outras palavras, Palmirinha foi do popular ao cult e se tornou uma marca consolidada (e muito rentável), mantida mesmo após sua morte, aos 91 anos, em 7 de maio passado.

Duas semanas depois do falecimento, porém, suas três filhas passaram a travar na Justiça uma disputa pelos bens da mãe famosa, com acusações de omissões de informações, ocultação de valores do espólio e até má-fé.

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Tânia (à esq.), Nanci e Sandra (à dir.): marca valiosa (Danilo Verpa/Folhapress/Veja SP)

De um lado está Sandra Bucci, 70, a herdeira mais nova e responsável pelo inventário. Suas irmãs, Tania Rosa e Nanci Balan, contestam a forma como Sandra informou ao juiz os bens de Palmirinha, resumidos a uma conta bancária com saldo de 8,13 reais e cotas da empresa Artes Culinária Palmirinha Ltda, que totalizam 5 100 reais. “Sandra não menciona direitos autorais e de imagem, assim como venda de livros, temperos e alimentos, além de direitos de uso de marca, royalties e monetarização de redes sociais (…) o que causa estranheza”, afirmam as irmãs, no processo ao qual Vejinha obteve acesso.

Outra queixa de Tania e Nanci é que elas não obtiveram acesso, desde a morte da mãe, à prestação de contas e contratos, assim como não receberam nenhum centavo dos frutos da empresa. Por fim, afirmam que a irmã caçula, que teria recebido da mãe, em 2014, um empréstimo de 1,5 milhão de reais para a compra de um apartamento, nunca comprovou a devolução da dívida. Por essas e outras, ambas pedem a impugnação do processo de inventário, o que ainda não foi julgado.

Após a reclamação das irmãs, Sandra Bucci diz que a história não é bem assim, que nunca houve o empréstimo de 1,5 milhão de reais (mas de 300 000 reais) e que foi ela quem mais cuidou de Palmirinha nos últimos anos de vida dela. Após o falecimento da matriarca, Sandra disse que pagou 165 000 reais para cada irmã referente ao quinhão do empréstimo, acrescido de juros, mas que ambas omitiram “estranhamente” a importante informação ao juiz. “A vida empresarial da minha mãe nunca foi de interesse de suas outras filhas”, disse Sandra, na Justiça.

Além disso, a irmã caçula, que também acusa as duas partes de obter empréstimos nunca pagos com a mãe, diz que as três dividiram cerca de 5 milhões de reais referentes a aplicações financeiras resgatadas logo após o óbito de Palmirinha.

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No meio de tanto desentendimento pelos bens milionários da culinarista famosa, as irmãs chegaram a conversar em meados de outubro de 2023 para tentar um acordo e encerrar a contenda, mas o negócio não saiu do forno. Pior, em 13 de dezembro, às vésperas do recesso forense, que suspende os processos temporariamente, Tania, a filha mais velha, subiu o tom e pediu a condenação de Sandra por litigância de má-fé e não pagamento de impostos (no caso dos empréstimos). Além disso, ela pede que a caçula seja excluída do inventário, por sonegação de herança.

Outro pedido foi o de bloqueio das contas bancárias da empresa da mãe, “diante do risco de dilapidação de patrimônio”. Nenhuma das solicitações chegou a ser apreciada.

Procuradas, as três herdeiras de Palmirinha, que se mantiveram unidas e de mãos dadas durante boa parte do velório da mãe há menos de um ano, não quiseram comentar a briga judicial que está longe de acabar e que pode manchar o legado da vovó mais querida do Brasil, como ela gostava de ser reconhecida, e que mantém até hoje quase 1 milhão de seguidores em suas redes sociais.

Publicado em VEJA São Paulo de 12 de janeiro de 2024, edição nº 2875

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