Paul McCartney seduz o Mineirão com a turnê Out There!
A oferta sem fim de shows internacionais em São Paulo faz com que, muitas vezes, a gente diminua a importância da visita de alguns artistas. Quando Amy Winehouse fez show na cidade, em janeiro de 2011, muitos disseram que era uma exibição oportunista (“ela só quer receber uma grana e se preparar para uma turnê […]
A oferta sem fim de shows internacionais em São Paulo faz com que, muitas vezes, a gente diminua a importância da visita de alguns artistas. Quando Amy Winehouse fez show na cidade, em janeiro de 2011, muitos disseram que era uma exibição oportunista (“ela só quer receber uma grana e se preparar para uma turnê na Europa”). Se Madonna confirma uma apresentação por aqui, um ou outro já afirma que a cantora virou arroz de festa. E assim vamos tirando a credibilidade daqueles que têm o nome para sempre marcado na história da música. Com uma agenda muito mais restrita em relação à capital paulista, Belo Horizonte soube ser uma boa anfitriã para Paul McCartney, que, na noite de sábado (4), estreou a nova turnê Out There! no Mineirão. A cidade fez questão de não esconder a ansiedade por estar recebendo o show do ex-Beatle pela primeira vez. Próximo ao aeroporto de Confins, placas davam boas vindas ao músico britânico. Os taxistas só falavam disso, enquanto os belo-horizontinos especulavam em que local o astro iria andar de bicicleta. Toda essa expectativa não foi em vão. Com a simpatia de sempre, Paul McCartney não decepcionou as 55 mil pessoas que compareceram ao estádio para vê-lo de perto.
Britanicamente 5 minutos adiantado, às 21h25, o cantor e compositor entrou no palco com a virtuosa banda que o acompanha há dez anos – formada por Paul Wickens (teclados), Brian Ray (baixo e guitarra), Rusty Anderson (guitarra) e o carismático Abe Laboriel Jr. (bateria). Mesmo se tratando de uma nova turnê, algumas peças têm tal dimensão que as tornam vitalícias no repertório seguido pelo músico. É o caso de Live and Let Die, Hey Jude, Let It Be e Yesterday. As brincadeiras, as danças, os fogos e a tentativa de falar no idioma local também são sempre pontos ganhos e por isso são mantidos no roteiro. Em BH, por exemplo, a plateia gargalhava a todo “uai” e “ô trem bão, sô” que o artista arriscava. Apesar de existir esse molde, ocorrem, sim, mudanças de um espetáculo para o outro. Além de incluir músicas recentes, como My Valentine, dedicada a sua mulher Nancy, Paul McCartney investiu em canções que nunca tinha tocado ao vivo ou que não exibia há anos. Isso ficou claro na primeira faixa do show em Belo Horizonte, que foi aberto com Eight Days A Week. Faixa do disco Beatles for Sale (1964), ela só foi uma vez executada ao vivo pelos Beatles, mais precisamente em 1965. Your Mother Should Know, Being For The Benefit Of Mr Kite!, Lovely Rita e All Together Now foram outras pérolas dos Beatles exibidas pela primeira vez em um show da carreira-solo de Paul McCartney. Aparatos visuais também deram ar de novidade ao show. Além de luzes, raios e projeções, um dos momentos mais emocionantes da noite foi quando Paul McCartney foi erguido por uma plataforma para cantar sozinho e em verrsões acústicas as belas Blackbird e Here Today, esta última dedicada a John Lennon.
Assim como fez nas últimas visitas ao país, o inglês lembrou George Harrison e a ex-mulher Linda (morta em 1998) por Something e Maybe I’m Amazed, respectivamente. Ao longo da apresentação, o público reagiu impressionado. Algumas pessoas choravam, um pai explicava o contexto de cada música para a pequena filha (que ouvia atenta) e os fãs elogiavam o pique inesgotável do setentão diante deles. Paul não economizou em danças e pulos (não parou nem para dar um gole de água). Declarações do artista inglês também comoviam. Ele confessou, por exemplo, que a guitarrada ali usada para tocar Paperback Writer era a mesma da gravação original. Uau!
A única coisa que prejudicou a performance foi o som, que esteve inconstante o show inteiro. Inclusive, durante Ob-La-Di, Ob-La-Da e Band on the Run, o áudio foi totalmente cortado. O cantor e a banda sequer perceberam a falha e os fãs trataram de cantar ainda mais alto. E isso não tirou o sorriso da plateia. Para agradecer a visita do ex-Beatle, as pessoas levaram placas com “Thank You!” e “Na Na Na Na”. Elas foram erguidas em Hey Jude. O artista brincou dizendo que era bom para ele não esquecer a letra da música: “na na na na”. A noite foi encerrada com dois bis. Com pegada roqueira, peso e vigor Helter Skelter preparou o terreno para Paul McCartney encerrar o espetáculo com uma trinca do disco Abbey Road (1969): Golden Slumbers, Carry That Weight e The End. O astro se despediu com um “Até a próxima”. Ele pode ter certeza que os belo-horizontinos já aguardam ansiosos pelo próximo encontro. Ao término, todos estavam leves para encarar o caos do lado de fora do estádio. Mas mesmo com o acesso e a dispersão deficientes, o Mineirão, que passou por uma reforma, atrairá cada vez mais ídolos à capital mineira. Basta torcer para que os moradores não deixem de dar valor às atrações que merecem.
Agora, Paul McCartney segue para Goiânia e Fortaleza.
Confira o repertório do show em Belo Horizonte:
Eight Days A Week
Junior’s Farm
All My Loving
Listen To What The Man Said
Let Me Roll It
Paperback Writer
My Valentine
Nineteen Hundred And Eighty Five
The Long And Winding Road
Maybe I’m Amazed
Hope Of Deliverance
We Can Work It Out
Another Day
And I Love Her
Blackbird
Here Today
Your Mother Should Know
Lady Madonna
All Together Now
Mrs Vandebilt
Eleanor Rigby
Being for the Benefit of Mr. Kite!
Something
Ob-La-Di, Ob-La-Da
Band on the Run
Hi, Hi, Hi
Back in the U.S.S.R.
Let It Be
Live And Let Die
Hey Jude
Bis 1
Day Tripper
Lovely Rita
Get Back
Bis 2
Yesterday
Helter Skelter
Golden Slumbers / Carry That Weight / The End
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