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Prêmio Shell 2024 amplia representatividade e laureia atriz indígena

Além de premiar Zahy Tentehar, edição introduziu prêmio 'Destaque Nacional'; confira os vencedores da premiação

Por Laura Pereira Lima
Atualizado em 13 mar 2024, 10h48 - Publicado em 13 mar 2024, 03h01
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Zahy Tentehar: performance autobiográfica em Azira’i (Daniel Barboza/Divulgação)
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A 34a edição do Prêmio Shell de Teatro ocorreu na terça-feira (12) e consagrou as principais peças de teatro produzidas no Rio de Janeiro e em São Paulo entre 1º de janeiro e 30 de novembro de 2023. A cerimônia realizada no Teatro Sérgio Cardoso, na Bela Vista, introduziu uma novidade: o prêmio “Destaque Nacional”. Buscando fugir do eixo Rio-São Paulo, a nova categoria reúne no júri especialistas de Curitiba, Bahia, Ceará e Minas Gerais para analisar peças de todo o Brasil. Neste ano, o espetáculo eleito foi a peça amazonense As Cores da América Latina.

Quatro espetáculos lideraram as indicações, com quatro categorias cada: Agropeça, do Teatro da Vertigem, A Aforista, dirigido por Marcos Damaceno e protagonizado por Rosana Stavis, Azira’i, peça criada por Zahy Tentehar a partir de memórias de sua mãe e que está em cartaz no Sesc Ipiranga, e Viva o Povo Brasileiro (de Naê a Dafé), inspirado na obra de João Ubaldo Ribeiro

Em São Paulo, a Agropeça protagonizou a premiação, com duas vitórias nas categorias Melhor Direção e Melhor Cenário. Já no Rio de Janeiro, a liderança ficou a cargo de Azira’i, vencedor de Melhor Atriz e Melhor Iluminação, e Los Hermanos – Musical Pré-fabricado, com Figurino e Melhor Ator.

O destaque da edição foi a premiação de Zahy Tentehar como Melhor Atriz pelo júri do Rio de Janeiro, a primeira indígena a vencer na categoria. Idealizadora e protagonista de Azira’i, Zahy  aproveitou para fazer um apelo à presença de indígenas nas premiações de teatro. “Sei que não é muito comum ver gente como eu por aqui. Mas agora começa uma nova história”, declarou a atriz, que durante os agradecimentos também se expressou em ze’eing eté, sua língua materna, cuja tradução é “fala verdadeira”.

A cerimônia foi apresentada por Marisa Orth, que atualmente estrela Bárbara e protagonizará, a partir do dia 19, Radojka– Uma Comédia Friamente Calculada, e por Verônica Bonfim, que compõe o elenco de Leci Brandão – na Palma da Mão, peça vencedora do prêmio de Melhor Direção no Rio de Janeiro.

Em São Paulo, Maurício Tizumba, de Viva o Povo Brasileiro (de Naê a Dafé), venceu a categoria Melhor Ator, enquanto no Rio de Janeiro, o escolhido foi Matheus Macena, de Los Hermanos – Musical Pré-fabricado. A Melhor Atriz em São Paulo foi Grace Gianoukas, por seu papel em Nasci para Ser Dercy e Agropeça recebeu o prêmio de Melhor Direção. No Rio, o diretor destacado foi Luiz Antônio Pilar, de Leci Brandão – na Palma da Mão.

Amir Haddad e Renato Borghi, cofundadores do Teatro Oficina ao lado de Zé Celso, foram os homenageados da edição, que teve apresentações musicais de Ilú Obá de Mim, da atriz Débora Duboc em um número de voz e piano, e do Grupo Tá na Rua.

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Confira os indicados e os vencedores da 34a edição do Prêmio Shell:

SELEÇÃO DO JÚRI DE SP

Dramaturgia

Victor Nóvoa, “Mãos Trêmulas”

André Santos, “Quilombo Memória”

Carlos Canhameiro, “Xs Culpadxs”

Ave Terrena e Ymoirá Micall,”Fracassadas Br”

 

Direção

Antônio Araújo e Eliana Monteiro, “Agropeça”

José Fernando Peixoto de Azevedo, “Ensaio Sobre o Terror”

Marcos Damaceno, “A Aforista”

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André Paes Leme, “Viva o Povo Brasileiro (de Naê a Dafé)”

 

Ator

Vinicius Meloni, “Agropeça”

Marco Antônio Pâmio, “A Herança”

Vitor Britto, “O Avesso da Pele”

Maurício Tizumba, “Viva o Povo Brasileiro (de Naê a Dafé)”

 

Atriz

Grace Gianoukas, “Nasci para Ser Dercy”

Alessandra Maestrini, “Kafka e a Boneca Viajante”

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Rosana Stavis, “A Aforista”

Tenca Silva, “Agropeça”

 

Cenário

Simone Mina, “Mutações”

Luiz Fernando Marques (Lubi), “Ainda Sobre a Cama”

Eliana Monteiro e William Zarella, “Agropeça”

Attilio Martins, “Bossa Nova Cabaré Bar”

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Figurino

Fabio Namatame, “Além do Ar – um Musical Inspirado em Santos Dumont”

Marah Silva, “Viva o Povo Brasileiro (de Naê a Dafé)”

Karen Brusttolin, “A Aforista”

João Pimenta, “Kafka e a Boneca Viajante”

 

Iluminação

Aline Santini, “Mutações”

Nicolas Caratori, “A Cerimônia do Adeus”

Maneco Quinderé, “Alguma Coisa Podre”

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Fran Barros e Tulio Pezzoni, “Once – o Musical”

 

Música

Naruna Costa, “Boi Mansinho e a Santa Cruz do Deserto”

Alexandre Rosa, “Infância”

Peri Pane, “Quando o Discurso Autoriza a Barbárie”

Chico César e João Milet Meirelles, “Viva o Povo Brasileiro (de Naê a Dafé)”

 

Energia que vem da gente (categoria que premia iniciativas com impacto social positivo)

Ateliê 23, pela pesquisa sobre violência de gênero e tráfico sexual de adolescentes e mulheres prostituídas no ciclo da borracha, no interior da Amazônia, tema do espetáculo “Cabaret Chinelo”.

Palacete dos Artistas, projeto de moradia e assistência no centro de São Paulo onde artistas veteranos vivem por meio de aluguel social e de autogestão do espaço e realização de eventos culturais.

Rosas Periféricas, pelo trabalho que desenvolve há 15 anos na região do Parque São Rafael, periferia de São Paulo, com espetáculos teatrais e ações sócio-educativas, voltados ao público jovem.

Selo Lúcias, iniciativa da Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap), pela organização, publicação e distribuição gratuita de livros que resgatam a história das artes cênicas no Brasil.

 

SELEÇÃO DO JÚRI DO RJ

Dramaturgia

Rafael Souza-Ribeiro, “Jonathan”

Zahy Tentehar e Duda Rios, “Azira’i”

Rodrigo França, “Angu”

Vinicius Baião, “Três Irmãos”

 

Direção

Orlando Caldeira, “Pelada – A hora da Gaymada”

Luiz Antônio Pilar, “Leci Brandão – na Palma da Mão”

Dulce Penna, “Jonathan”

Bruce Gomlevsky, “Outra Revolução dos Bichos”

 

Ator

Milhem Cortaz, “Diário de um Louco”

Sérgio Kauffman, “Leci Brandão – na Palma da Mão”

Matheus Macena, “Los Hermanos – Musical Pré-fabricado”

Xando Graça, “Gente de Bem”

 

Atriz

Zahy Tentehar, “Azira’i”

Jéssica Barbosa, “Em busca de Judith”

Nilda Andrade, “Pipas”

Blackyva, “Chega de Saudade”

 

Cenário

Ricardo Rocha, “Eyja: Primeira Parte, a Ilha”

Lidia Kosovski, “Olga e Luis Carlos – Uma História de Amor”

Batman Zavareze e Mariana Villas-Bôas, “‘Azira’i”

Clebson Prates, “Angu” e “Para Meu Amigo Branco”

 

Figurino

Luiza Marcier, “Los Hermanos – Musical Pré-fabricado” e “Restos na Escuridão”

Carlos Alberto Nunes, “A Hora do Boi”

Giovanni Targa, “Só Vendo Como Dói Ser Mulher de Tolstói”

Flavio Souza, “Eyja: Primeira Parte, a Ilha”

 

Iluminação

Daniela Sanchez, “Leci Brandão – na Palma da Mão”

Ana Luzia Molinari de Simoni, “Azira’í” e “Feio”

Paulo Cesar Medeiros, “O Menino é o Pai do Homem”

Beto Bruel, “A Aforista”

 

Música

Ruy Guerra, Zeca Baleiro e Lui Coimbra, “Dom Quixote de Lugar Nenhum”

Pedro Sá Moraes, “Em Busca de Judith”

André Muato, “Pelada – A Hora da Gaymada”

André Muato e Felipe Storino, “Chega de Saudade”

 

Energia que vem da gente (categoria que premia iniciativas com impacto social positivo)

Cia dos Comuns, pelos 22 anos de atuação continuada para a formação e o fortalecimento da cena teatral preta brasileira, contribuindo de forma decisiva para o fomento e formação de artistas negros e a luta antirracista em nossa sociedade

Projeto Museu dos Meninos, por criar, através de uma série de ações artísticas, um lugar inspirador para todas as necessárias políticas públicas voltadas para a preservação da memória e a imaginação de futuros outros para os jovens pretos e favelados do Complexo do Alemão

Entidade Maré pela “Ocupação Noite das Estrelas”, por celebrar nas ruas do Complexo da Maré, unindo a comunidade e pessoas vindas de outras partes da cidade, a vida e a ancestralidade dos artistas LGBTQIA+ que, durante as décadas de 1980 e 1990, realizaram ali os shows ‘Noite das estrelas’’

Elenco de espetáculo “Meu Corpo Está Aqui”, pelo processo coletivo de construção de um espetáculo que impacta de forma positiva na visibilidade de pessoas com deficiência

 

 

Destaque Nacional

“As Cores da América Latina”, da Panorando Cia e Produtora, de Manaus

“Temporada de Caça – uma Tragicomédia Distópica Linkedinesca”, da Minha Nossa Cia de Teatro, de Curitiba

“O Rabo e a Porca”, da Multi Planejamento Cultural, de Salvador

“Vestido de Noiva”, do Grupo Oficcina Multimédia, de Belo Horizonte

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