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Luiz Antônio Rocha se destaca em SP com monólogos de cenários minimalistas

Diretor carioca, que trabalha sem patrocínio, tem dois espetáculos em cartaz na cidade e vai estrear outros dois no final de fevereiro

Por Júlia Rodrigues
26 jan 2024, 06h00
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Luiz Antônio Rocha: "trabalho o ator e a essência, o resto é supérfluo" (John Coutinho/Divulgação)
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Com dois espetáculos em cartaz na cidade e outros dois marcados para estrear no final de fevereiro, o diretor carioca Luiz Antônio Rocha, 57, começou o ano dominando a cena teatral paulistana. Até o próximo dia 4, enquanto o Teatro B32 recebe o monólogo Helena Blavatsky, a Voz do Silêncio, sobre a filósofa russa, o Teatro Bravos é palco de O Profeta, solo baseado no livro centenário do escritor libanês Khalil Gibran. Três semanas depois, o Teatro Itália abriga mais dois monólogos seus, um sobre a cantora chilena Violeta Parra, que estreia no dia 24, e outro sobre Frida Kahlo, a partir do dia 29. A presença quase simultânea em três teatros da capital vai contra o contexto atual, cuja tendência tem sido as temporadas curtas e o fechamento de salas — depois de dezesseis anos, o tradicional Cultura Artística vai reabrir em agosto na Consolação apenas com shows, sem peças.

Iniciado n’O Tablado, icônica escola de teatro no Rio, Rocha voltou a se dedicar principalmente às artes cênicas após vinte anos como diretor de elenco na Globo, onde trabalhou em novelas históricas, como Laços de Família (2000) e Mulheres Apaixonadas (2003). A nova fase veio acompanhada da mudança para a capital, há pouco mais de um ano, após morar durante um período na Serra da Mantiqueira. “Aqui é mais perto do aeroporto e consigo viajar com as peças”, diz.

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‘Helena Blavatsky, a Voz do Silêncio’: quatro temporadas em São Paulo (Marlon Maycon/Divulgação)

Rocha, que trabalha sem patrocínios, acredita que o sucesso das produções é consequência dos temas que elas abordam. “São questões da existência humana, de conexão com o sagrado. Nossa publicidade é o boca a boca”, diz. E parece que o boca a boca tem funcionado. O solo sobre Blavatsky está na quarta temporada em São Paulo, e Frida Kahlo — A Deusa Tehuana estreia na capital após dez anos quase ininterruptos em cartaz no Rio e em cidades como Fortaleza e Belo Horizonte.

Segundo ele, outros fatores essenciais para as temporadas sucessivas, em diversas cidades, são o próprio formato, com apenas um ator em cena, e os cenários minimalistas, que se tornaram a sua marca. “Foi a forma que encontrei de viabilizar as peças sem patrocínio. Monólogos não são tão mais baratos de produzir, mas possibilitam a logística para viajar e dar vida longa às peças”, diz.

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Na peça sobre Frida, por exemplo, a atriz Rose Germano dá vida à pintora mexicana em um cenário composto apenas por uma longa passarela e quatro cadeiras, cada uma pintada com uma cor primária. A inspiração para os tons veio do Museu Frida Kahlo, a Casa Azul, no México, onde diretor e atriz ficaram durante quinze dias enquanto pesquisavam para a criação da obra. “Trabalho o ator e a essência, o resto é supérfluo. Para mim, cenário tem que caber na mala”, resume. Enquanto o cenário e os figurinos de Frida Kahlo — A Deusa Tehuana, mais elaborados, viajam no avião em quatro cases pequenos, os de Helena Blavatsky, a Voz do Silêncio — uma mesa, uma cadeira e alguns objetos cênicos como livros — cabem em três malas.

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Rose Germano como Frida Kahlo: cenário composto por cadeiras (Renato Mangolin/Divulgação)

A forma “compacta” dos espetáculos também permite apresentá-los fora dos teatros, em locais menos comuns. Paulo Freire, o Andarilho da Utopia (2019), monólogo que conta a trajetória do educador e foi indicado ao Prêmio Shell 2019 na categoria Inovação, já fez apresentações na rua, em um assentamento, em um refeitório e em frente ao prédio da Polícia Federal, em Curitiba, durante a vigília em protesto contra a prisão do então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2019. “Sempre que idealizo os espetáculos, coloco o meu ego em segundo lugar para pensar no que de fato aquele personagem precisa para que eu conte sua história”, diz.

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‘Paulo Freire, o Andarilho da Utopia’ na vigília de Lula: apresentações fora dos palcos (Facebook/Reprodução)

Publicado em VEJA São Paulo de 16 de janeiro de 2024, edição nº 2877

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