Enquanto um musical, “Milton Nascimento – Nada Será Como Antes” é um agradável show
Primeiro foi “Sassaricando – E o Rio Inventou a Marchinha” (2007) e logo veio “Beatles num Céu de Diamantes” (2008). O talento dos diretores Charles Möeller e Claudio Botelho fez dos dois espetáculos calcados exclusivamente em canções um meio despretensioso e bem-sucedido de evocar o espírito do teatro de revista. Em cartaz no Teatro Geo, […]


Sérgio Dalcin, Marya Bravo, Claudio Lins, Estrela Blanco e Tatih Köhler na montagem em cartaz no Teatro Geo (Foto: Guga Melgar)
Primeiro foi “Sassaricando – E o Rio Inventou a Marchinha” (2007) e logo veio “Beatles num Céu de Diamantes” (2008). O talento dos diretores Charles Möeller e Claudio Botelho fez dos dois espetáculos calcados exclusivamente em canções um meio despretensioso e bem-sucedido de evocar o espírito do teatro de revista. Em cartaz no Teatro Geo, “Milton Nascimento – Nada Será Como Antes – O Musical” foi idealizado para celebrar as cinco décadas de carreira e os 70 anos de vida do cantor e compositor. A obra composta e gravada por ele serve de base para a montagem, que carrega a ambição de mapeá-la à altura de sua expressão sem decepcionar os fãs.
E talvez não decepcione mesmo os mais fiéis. Enquanto um musical de teatro, a montagem resulta em um agradável show para os muitos que idolatram Milton. Fica devendo, no entanto, no quesito teatral. São 48 canções enfileiradas uma após a outra que, sem ligação temática, pretendem transmitir a dramaturgia. Não há uma linha de diálogo. Diante do cenário inspirado em símbolos de Minas Gerais, catorze cantores e instrumentistas apresentam clássicos como “Nos Bailes da Vida”, “Travessia”, “Clube da Esquina 1” e “Clube da Esquina 2”, “Milagre dos Peixes” e “Caçador de Mim”, entre outros, orquestrados e arranjados por Délia Fischer. A trilha sonora também pode ser conferida em CD.
Em alguns números felizmente percebe-se uma preocupação maior em mostrar uma encenação. E aí vem a decepção com uma falta de assinatura da dupla Möeller e Botelho. Interpretada em coro, “Paula e Bebeto” vai pelo óbvio e expõe diferentes tipos de relacionamento. Já “Morro Velho” propõe uma dramatização literal de seus versos apoiada em belos figurinos e adereços. Entre os cantores Marya Bravo e Jules Vandystadt – principalmente nos solos – são os que mais destacam pela naturalidade de seu canto e sem a pretensão de empostar exageradamente ou mostrar piruetas com a voz. Afinal, o universo de Milton pode não parecer, mas é simples.