O Verdadeiro Carnaval de Rua
"Hoje as crianças têm sua diversão, mas lembrar daqueles dias mostra o quanto o segredo da felicidade pode estar nas coisas mais simples"
Os tempos mudam, a vida evolui, e as modernidades são sempre bem vindas, mas tenho saudade de uma época mais inocente e mais simples, uma época em que nossos pais não precisavam se preocupar se ficávamos brincando na rua até mais tarde, ou com o tipo de amizade que teríamos.
Quando eu era criança, nos anos 70, existiam, é claro, os moleques maus elementos, mas eles eram raros, e o máximo que eles “cometiam” era arrumar briga fácil. Toda a molecada da rua se conhecia, jogavam bola juntos, empinavam pipas juntos e existia aquela rivalidade sadia com a rua de baixo, ou a rua de cima. Férias escolares, campeonatos de jogo de botão, tudo era motivo pra festa, mas uma das mais legais de lembrar daquela época é o Carnaval.
Nada de matinê nos salões ou fantasias compradas pelos pais. A festa era na rua, mesmo! Todo mundo tinha sua xiringa, devidamente abastecida com água (e só água!), e esguichar nos carros que passavam era a maior alegria dos pequenos. Os motoristas passavam bem devagar e entravam na brincadeira, mantendo os vidros abertos, deixando-se molhar para ver as crianças felizes. Todo mundo também carregava um saquinho plástico com confetes e serpentinas, e a guerra de papel durava o dia todo. No final do dia, a rua, que não era asfaltada, ficava cheia de barro por causa da água das xiringas, e com papel colorido espalhado e grudado pra todo lado.
Voltávamos pra casa completamente molhados e ninguém ficava doente por causa disso. Nos olhares das crianças, um ar de satisfação, de uma felicidade que não se vê mais hoje em dia, e a certeza de que tinham brincado o carnaval do melhor jeito possível.
Os tempos são outros. Hoje as crianças têm sua diversão, brincam do jeito que podem, mas lembrar daqueles dias mostra o quanto o segredo da felicidade pode estar nas coisas mais simples.