Seu nome pode ter sido inspirado em um personagem de novela
As telenovelas influenciam o registro de bebês desde os anos 70
Se você tem menos 40 anos, vamos encarar os fatos: a chance de seu nome ser inspirado em algum personagem de novela é grande. Desde que os folhetins viraram mania nacional, as pessoas batizam seus bebês com nomes de personagens marcantes de alguma trama, fazendo com que nomes normalmente não tão comuns sejam campeões de registro nos cartórios do país.
Pesquisando no site do IBGE, podemos descobrir curiosidades, principalmente se cruzarmos esses dados com as novelas em exibição em determinada época. Assim, por exemplo, percebemos que o casal central de Explode Coração de 1995, Dara e o cigano Igor, geraram um boom de crianças com esses nomes nascidos naquele ano.
Veja alguns exemplos, desde o início dos anos 70.
- Simone
A namoradinha do Brasil Regina Duarte certamente foi a responsável pelo registro de mais de 150 000 nomes Simone em 1972, quando a novela Selva de Pedra fazia o país todo parar. Na década anterior inteira, não foram registradas nem 30 000 Simones no país todo.
- Miranda
Um nome praticamente inexistente até 1973, teve nesse ano mais de 500 registros. Estava no ar a novela Cavalo de Aço, em que Glória Menezes fazia o papel de uma fazendeira chamada Miranda.
- Nice
Mesmo uma vilã em uma novela importante, como a Nice vivida por Suzana Vieira em Anjo Mau, foi homenageada pelo público: naquele ano de 1976, mais de 1500 pessoas receberam esse nome, muito mais do que em todos os outros anos, desde que o levantamento é feito.
- Leila
O nome foi ganhando popularidade nas décadas de 30 a 60, mas foi no final da década de 70 que teve o maior número de registros de sua história, mais de 28 000 pessoas ganharam esse nome. A personagem de Glória Menezes em Espelho Mágico, de 1977, certamente tem uma boa dose de responsabilidade por isso.
- André
Maior sucesso de 1979, a novela Pai Herói fez subir a popularidade de dois nomes antes pouco registrados no Brasil. André, personagem de Tony Ramos, teve um crescimento de mais de 600% em relação à década de 60 e o dobro de registros da década de 70.
- Carina
O outro nome que virou mania por causa de Pai Herói foi Carina, personagem de Elizabeth Savala. Quase inexistente até a década de 60, teve pouco mais de 7 000 registros na década seguinte, pulando para quase 30 000, assim que a trama acabou.
- Lígia
Betty Faria fez um dos papeis mais importantes de sua carreira na novela Água Viva, de 1980, a batalhadora Lígia. Não por acaso, nesse ano, o nome teve mais de 13 000 registros nos cartórios brasileiros, mais do que o dobro dos anos anteriores, e também posteriores.
- Vívian
Mais de 20 000 pessoas foram registradas com o nome Vívian em 1980, quando Vera Fischer fazia par romântico com Tarcísio Meira na novela Coração Alado, um crescimento de mais de 400% em relação à década anterior. O nome do personagem de Vera? Adivinhou: Vívian.
- Kelly
Eu Prometo foi um grande sucesso no horário das 22h na Globo em 1983, onde Francisco Cuoco interpretava um político que se envolvia com uma atraente fotógrafa chamada Kelly, papel da linda Renée de Vielmond. Nesse ano, o nome feminino, praticamente inexistente nos anos anteriores, teve mais de 40 000 registros no país, mais do que o triplo dos anos anteriores, e mais do que o que o dobro dos anos seguintes.
- Thiago
Com menos de 7 000 registros no país até a década de 70, o nome Thiago pulou para mais de 140 000 na década seguinte. Nessa época, uma novela fazia grande sucesso no horário das 19h, Transas e Caretas, onde o personagem principal, vivido por José Wilker, é cercado de tecnologia e tem até um mordomo robô.
- Jocasta
Mandala, de Dias Gomes, foi um verdadeiro blockbuster no horário das 20h em 1987 e 88, que tinha Vera Fischer e Felipe Camargo como protagonistas. O autor se baseou na mitologia grega para criar a trama e dar nome aos personagens principais. O nome Jocasta, papel de Vera Fischer, contava com 21 pessoas registradas no país até a década de 70. Depois da novela, esse número subiu para quase 1 200 registros.
- Édipo
Já, o nome do personagem de Felipe Camargo nunca tinha sido registrado no Brasil até o início da novela Mandala. De repente, mais de 2200 pessoas ganharam esse nome.
- Aline
Depois da trama Que Rei Sou Eu?, o nome Aline, personagem de Giulia Gam, passou de pouco mais de 20 000 registros na década de 70, para mais de 200 000 no final dos anos 80 e início dos 90, época da novela.
- Juma
O maior fenômeno da Rede Manchete, a novela Pantanal, também rendeu um nome para a nossa galeria. Juma, personagem de Cristiana Oliveira, era o nome de menos de cinquenta pessoas no Brasil todo até o enredo começar. Naquele ano de 1990, quase 400 pessoas foram registradas com esse nome.
- Dara
Tereza Seiblitz viveu Dara, na novela Explode Coração, em 1995. Nesse ano, o número de crianças registradas com o nome cresceu mais de 4500%! Nos anos 80, apenas 163 pessoas tinham esse nome no Brasil. E, após a trama, o número subiu para mais de 7500 pessoas.
- Igor
Explode Coração também popularizou o nome Igor, personagem vivido por Ricardo Macchi. Naquele ano, os registros com esse nome cresceram mais de 400% em relação aos anos anteriores, de pouco mais de 30 000 para 130 000 pessoas.
- Bruno
Este não era um nome muito comum no Brasil até a década de 70. Começou a ser mais usado nos anos 80, mas foi na década de 90 que ele ganhou mais popularidade, com 100 000 registros a mais do que na década anterior. Coincidência ou não, nessa época, a novela O Rei do Gado era a maior audiência da Globo, e o personagem principal, vivido por Antônio Fagundes, chamava-se Bruno.
- Matteo
Ninguém se chamava Matteo no Brasil até a novela Terra Nostra. Graças ao personagem de Thiago Lacerda, hoje, temos mais de 450 Matteos no país, grande parte deles registrada na época.
- Lívia
Flávia Alessandra fez o papel de Lívia em Porto dos Milagres, grande sucesso da Globo em 2001. Nesse ano, o número de registros de crianças com o nome cresceu 400% em relação à década passada, alcançando quase 80 000.
- Maya
Juliana Paes era a estrela da novela das 21h, Caminho das Índias, em 2009. Ela viu o nome de sua personagem Maya cair no gosto popular, tanto que naquele ano os registros com o nome cresceram mas de 300% em relação aos anos anteriores, e mais de 2000% comparado aos primeiros registros desse nome no Brasil.