Imagem Blog

Memória

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Uma viagem no tempo às décadas passadas por meio de suas histórias, costumes e curiosidades.
Continua após publicidade

Cartunista Belmonte, conhecido a partir da década de 20, é tema de livro

A obra analisa a trajetória do artista e comprova a atualidade de sua visão debochada

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 22 nov 2019, 11h01 - Publicado em 22 nov 2019, 06h00
Cartunista Belmonte, conhecido na década de 20 (Divulgação/Divulgação)
Continua após publicidade

O cartunista e chargista paulistano Benedito Carneiro Bastos Barreto, o Belmonte (1896-1947), ficou conhecido como criador do personagem Juca Pato. Símbolo do homem comum, trabalhador e bom pagador de impostos, o tipo, popularizado pela Folha da Noite nas décadas de 30 e 40, denunciava as mazelas da classe média e foi alvo da censura do estado Novo de Getúlio Vargas.

O talento e o senso crítico de Belmonte, no entanto, já ilustravam as páginas de revistas e jornais havia pelo menos dez anos. A sua produção anterior, mais precisamente aquela propagada pelas revistas Careta e Frou-Frou entre 1923 e 1927, estimulou a historiadora e pesquisadora carioca Marissa Gorberg Stambowsky a lançar o livro Belmonte: Caricaturas dos Anos 1920 (editora Fundação Getulio Vargas, 216 páginas, 80 reais).

Caricaturas Belmonte
O livro Belmonte: Caricaturas dos Anos 1920 (Divulgação/Divulgação)

A publicação, que chega às livrarias na quinta-feira (28), analisa a trajetória do artista e comprova a atualidade de sua visão debochada. Também surpreende o leitor ao reunir desenhos sobre temas e situações polêmicas para a época que ainda ecoam fortemente na sociedade atual.

Feminismo e machismo, preconceitos de gênero e raça, obsessão por aparências, desigualdades sociais e conflitos entre patrões e empregados inspiraram os desenhos de Belmonte. “Muita coisa mudou, mas é impressionante verificar que, à beira de 2020, entre avanços e retrocessos, os preconceitos continuam os mesmos”, afirma Marissa. “Essa produção gráfica talvez não desejasse mais que divertir os leitores, mas Belmonte sobressai por ser o mais profícuo de uma geração em que ainda se destacaram J. Carlos e Raul Pederneiras.”

Continua após a publicidade
Belmonte
Temas polêmicos: androginia, o desejo de ser uma celebridade e preconceito racial serviam de inspiração (Divulgação/Divulgação)

Belmonte nasceu e cresceu no bairro do Brás, filho de uma brasileira e de um português, que morreu quando o garoto mal completara 2 anos. Pensou em seguir a carreira do pai, que era médico, mas abandonou a faculdade no fim do primeiro ano, entusiasmado com o dom artístico. Ele publicou os primeiros desenhos em 1912 na revista Rio Branco e, em 1921, foi contratado pela recém-inaugurada Folha da Noite, assumindo o pseudônimo que o popularizou. Se Paris vivia a sua belle époque, São Paulo e Rio de Janeiro experimentavam transformações, na tentativa de renegar o passado colonial e adquirir ares cosmopolitas.

Ao transitar pelo circuito boêmio, Belmonte se tornou um observador dos costumes de uma classe alta deslumbrada. Era o cenário ideal para aguçar sua visão irônica e também para travar rivalidade com os escritores da Semana de arte moderna de 1922, que consideravam as charges e caricaturas manifestações de segunda linha. Uma curiosidade é que Belmonte nunca arredou pé de São Paulo, para captar e entender os modismos. “Ele formou repertório graças ao acesso que tinha à mídia impressa e se recusava a viajar até a trabalho para o rio de Janeiro por razões que nunca ficaram claras, talvez fosse por medo mesmo”, conta Marissa.

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 27 de novembro de 2019, edição nº 2662.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de 35,60/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.