Até o início dos anos 80, o principal terminal rodoviário de São Paulo ficava bem no centro da cidade, próximo à estação ferroviária da Luz, fazendo da região uma espécie de polo de transportes intermunicipais da cidade. A rodoviária tinha um estilo arquitetônico único, muito colorido, o que fazia com que principalmente as crianças tivessem um sentimento de “estou num parque infantil”, e guardassem na memória afetiva as visitas que fizeram ao lugar.
Infelizmente, para os adultos, nada era tão mágico. A rodoviária foi inaugurada no dia do aniversário de São Paulo, em 25 de janeiro de 1961, se tornando o primeiro grande terminal da cidade. O bairro da Luz, antes predominantemente residencial, viu suas ruas de repente se tornarem intransitáveis, dado o volume de ônibus e táxis que circulavam por ali, e não demorou muito para o protesto dos moradores começar. A ideia de se construir um terminal rodoviário próximo ao terminal ferroviário logo se mostrou equivocada, pois as pequenas ruas do centro não estavam preparadas para tanto movimento.
Apesar dos problemas no entorno, o prédio de 19 000 metros quadrados era um espetáculo à parte. Um grande chafariz no saguão chamava a atenção de todos, assim como as pastilhas coloridas das paredes e colunas, e principalmente a decoração super colorida do teto. Um total de 2 500 ônibus chegavam e partiam todos os dias da rodoviária, que também foi um dos primeiros lugares públicos da cidade a ter televisores coloridos, o que fazia que muita gente fosse lá só para assistir a jogos de futebol.
Em 1977, o movimento diminuiu um pouco com a inauguração do Terminal Rodoviário do Jabaquara, ligado à estação de metrô. E em 1982, o gigantesco e ultra moderno Terminal Rodoviário do Tietê começou a operar, desativando por completo a antiga e romântica rodoviária da Luz, que foi cartão postal da cidade e está guardada com carinho na memória dos moradores da cidade. Menos, é claro, dos antigos moradores da Luz.