‘Transe’ é ficção com ares de documentário sobre eleição de Jair Bolsonaro
Longa parte de acontecimentos reais, como a manifestação Ele Não, no Rio de Janeiro, e o assassinato de Marielle Franco, para contar sua história
Em Transe, em cartaz nos cinemas, Carolina Jabor e Anne Pinheiro Guimarães dividem o roteiro e a direção para criar uma obra de ficção com ares de documentário.
O pano de fundo são as eleições presidenciais de 2018 e como o trio protagonista, vivido por Luisa Arraes, Johnny Massaro e Ravel Andrade, navega pela guinada conservadora da sociedade brasileira no período.
O longa parte de acontecimentos reais, como a manifestação Ele Não, na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, o assassinato de Marielle Franco, os debates presidenciais e a eleição de Jair Bolsonaro, para criar diálogos fictícios, discutidos na hora dos encontros periódicos de gravação com os atores, mas que refletem as discussões pautadas na época. O foco está, principalmente, nas questões sobre como a esquerda poderia combater o bolsonarismo emergente.
O filme se beneficiaria de escolher um lado, documental ou ficcional, e poder, assim, desenvolver sua trama mais livremente. Os personagens recebem o nome de seus intérpretes, mas não soam exatamente como pessoas reais. Eles vivem um relacionamento a três em uma trama que pode e deve emocionar, mas não todo tipo de público.
Publicado em VEJA São Paulo de 3 de maio de 2024, edição nº 2891.