Mostra SP apresenta filmes aguardados e sessão com Francis Ford Coppola
48ª edição do evento recebe diretores de diferentes partes do mundo e é marcada pela primeira edição da Mostrinha
A 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo começou na quinta-feira (17) e vai até 30 de outubro com 415 filmes de 82 países, muitos inéditos no Brasil, em 29 salas de cinemas, espaços culturais e CEUs. Como de praxe, a programação traz grandes títulos, premiados em festivais internacionais.
A abertura, na quarta (16), teve Maria Callas, dirigido por Pablo Larraín e estrelado por Angelina Jolie. O encerramento do evento terá Megalópolis, com a presença de Francis Ford Coppola, que será homenageado com o prêmio Leon Cakoff.
Entre as produções brasileiras, uma das mais aguardadas é Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, que levou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza e foi escolhido para representar o Brasil no Oscar. “Existe uma torcida brasileira”, afirma Renata de Almeida, diretora da Mostra SP. “Houve uma forte presença do país em Veneza, que eu nunca vi antes.”
Nesta edição do evento, a organização dedicou uma atenção especial ao cinema indiano. “A ideia surgiu no ano passado, quando a Invest India, que é como a Ancine deles, entrou em contato interessada em fazer uma ação. Pensamos em expandir com esse foco”, explica a diretora.
“A Índia é um grande exemplo, temos muito o que aprender com eles. Lá, cinema tem sessão das 6 da manhã até de noite”, ela acrescenta. “É a maior produção de cinema fora dos Estados Unidos, com uma diversidade enorme.”
Elogiado por nomes como Martin Scorsese e Akira Kurosawa, o indiano Satyajit Ray foi escolhido como homenageado do ano. Haverá uma retrospectiva da obra do cineasta, além de outros trinta títulos produzidos na Índia.
Em diálogo com os tempos atuais, a seleção inclui ainda obras sobre Oriente Médio, eleições e meio ambiente. “O cinema reflete o estado do mundo. Um festival não pode ter medo das polêmicas”, comenta Renata.
“É um espaço importante para o público de São Paulo discutir poucos dias antes da eleição”, diz a documentarista Petra Costa, que apresenta Apocalipse nos Trópicos. “Filmes chegam a ser catalisadores, para abrir o diálogo”, declara Sissel Morell Dargis, cineasta hispano-dinamarquesa há doze anos no Brasil, que exibe seu documentário Balomania.
“A Mostra SP é o templo da cinefilia da cidade, com uma seleção sempre muito primorosa”, comenta Fernando Coimbra, presente na programação com Os Enforcados.
“Ela é uma janela para o mundo, foi a minha primeira e grande escola de cinema”, complementa Marcelo Gomes, que participa com o filme Retrato de um Certo Oriente. “Foi na Mostra que, em 2018, nasceu a semente da nossa parceria com os irmãos Dardenne, que se consolidou no Manas”, afirma a diretora Marianna Brennand.
A 48ª edição é marcada também pela 1ª Mostrinha, com longas dedicados à juventude e homenagem ao cartunista Ziraldo (1932-2024) e aos trinta anos do Castelo RáTim- Bum. “Temos que falar sobre formação de público. Uma criança não pode crescer só com filme de herói americano”, diz Renata.
A programação completa está disponível no site 48.mostra.org.
Publicado em VEJA São Paulo de 18 de outubro de 2024, edição nº 2915