Mostra SP anuncia seleção de filmes da 48ª edição, com foco na Índia
A programação homenageia o cineasta indiano Satyajit Ray e reúne filmes como 'Anora', de Sean Baker, e 'Ainda Estou Aqui', de Walter Salles,
A 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo anunciou neste sábado (5) a seleção de filmes deste ano, que acontece de 17 a 30 de outubro em 29 salas de cinemas, espaços culturais e CEUs espalhados pela cidade, incluindo exibições gratuitas e ao ar livre.
Serão exibidos 415 filmes de 82 países, muitos inéditos no Brasil, no decorrer do evento. A abertura, na quarta-feira (16), terá uma sessão de Maria Callas, longa de Pablo Larraín, protagonizado por Angelina Jolie, que estreou no Festival de Veneza.
Como de praxe, a programação traz títulos vencedores de prêmios em grandes festivais internacionais. É o caso de Anora, de Sean Baker (Palma de Ouro, em Cannes), Dahomey, de Mati Diop (Urso de Ouro, em Berlim), O Brutalista (Leão de Prata, em Veneza), de Brady Corbet, Vermiglio (Prêmio Especial do Júri, em Veneza), de Maura Delpero.
Dentre as produções brasileiras, uma das mais aguardadas é Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, que levou o prêmio de Melhor Roteiro em Veneza. “Existe uma torcida brasileira, com Ainda Estou Aqui. Ver o cinema brasileiro nesse lugar me encheu de esperança”, disse a diretora Renata Almeida, em coletiva de imprensa neste sábado (5)
Outros destaques entre os selecionados são: Sujo, de Astrid Rondero e Fernanda Valadez, Tudo que Imaginamos Como Luz, de Payal Kapadia, Dying – A Última Sinfonia, de Matthias Glasner, Grand Tour, de Miguel Gomes, e Memórias de um Caracol, de Adam Elliot.
Nesta edição, a organização dedicou uma atenção especial ao cinema indiano. É por esse motivo que uma arte de Satyajit Ray, criada durante a preparação de seu primeiro longa, A Canção da Estrada (1955), estampa o cartaz da Mostra. Haverá uma retrospectiva da obra do cineasta, com sete filmes realizados entre 1955 e 1966. Ao todo, foram escolhidos cerca de trinta títulos produzidos na Índia.
“Temos muito o que aprender com o cinema indiano”, afirmou a diretora. “Existe um grande público [na Índia], com sessão cheia de manhã até de noite. É a maior produção de cinema fora dos Estados Unidos, com uma diversidade dentro do próprio país, que trouxemos para cá.”
Outro foco são filmes do Oriente Médio, com a presença de países como Israel e Palestina. “Não pode ter medo da polêmica, da discussão. A gente precisa reaprender a conversar sobre as coisas sem querer anular o outro, sem demonizar o outro. Precisamos reaprender o diálogo”, acrescentou Renata.
A 48ª edição é marcada também pela 1ª Mostrinha, com longas dedicados à infância e à juventude. “Queremos trabalhar com a formação de público por meio desse olhar para a criança. A invenção da infância foi um marco civilizatório da humanidade e estamos perdendo isso, crianças estão virando adultos”, ela comentou.
A Mostrinha abre com uma exibição de Arca de Noé, de Sérgio Machado e Alois di Leo, na Sala São Paulo, em 17 de outubro.
O evento ainda homenageia os 30 anos do programa Castelo Rá-Tim-Bum, da TV Cultura, os 25 anos do filme homônimo de Cao Hamburger baseado na série, e o cartunista Ziraldo, morto neste ano.
A programação completa está disponível no site 48.mostra.org.