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Por Por Marcelo Copello
Especialista na bebida, Marcelo Copello foi colunista de Veja Rio. Sua longa trajetória como escritor do tema inclui publicações como a extinta Gazeta Mercantil e livros, entre eles "Vinho e Algo Mais" e "Os Sabores do Douro e do Minho", pelo qual concorreu ao prêmio Jabuti
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Malbec: a uva que tem fã clube

Quase metade de todo vinho importado no país é da casta famosa na Argentina

Por Marcelo Copello
14 out 2022, 06h00

A malbec, embora seja um tema recorrente, é sempre de interesse. Esta é talvez a única uva (casta) que tenha um fã-clube informal em solo nacional.

Brasileiro ama malbec. Segundo dados da Wines of Argentina, cerca de 48% do vinho exportado para o Brasil é de malbec e cerca de 21% são cortes, em sua maioria com predominância dessa casta. No total, são quase 25 milhões de garrafas da varietal e seus blends. Isso sem contar os vinhos do descaminho, que entram ilegalmente por nossas fronteiras.

Segundo dados do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf), o valor desse mercado ilegal é de cerca de 2 bilhões de reais e afeta principalmente os vinhos argentinos. A malbec nasceu em Bordeaux há alguns séculos, mas se desenvolveu mais em outra região francesa, Cahors.

Com a filoxera, uma praga que dizimou os vinhedos no século XIX, ela foi quase apagada de Bordeaux, onde ainda existe, embora seja rara. Lá, nunca foi realmente muito plantada, os châteaux tinham um máximo de 10% de malbec para ser usada em cortes com o papel de suavizar o cabernet sauvignon.

Depois da filoxera, contudo, foi replantada em porta-enxertos muito vigorosos e, após a geada de 1956, foi quase abandonada em nome da merlot. Hoje, em Bordeaux, os poucos châteaux que têm malbec raramente a usam em proporção maior que 5% em seus vinhos. Em Cahors sim, a malbec é a mais plantada e é obrigatória em, no mínimo, 70% nos cortes.

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A malbec veio da França para a Argentina em 1852. Lá era conhecida como “boca má” (mal bec), que ganhou essa alcunha em seus primórdios por gerar vinhos duros, principalmente em Cahors. Na Argentina, adaptou-se esplendidamente. Hoje a diversidade clonal da malbec na Argentina é enorme, maior que na França.

Embora se preste a uma variedade de estilos, desde rosados, espumantes, passando por tintos jovens e frescos, o malbec que conquistou os brasileiros tem perfil encorpado. O malbecão padrão seria um vinho de cor muito escura, em tons violáceos, com aromas de frutas negras maduras, como ameixas e amoras, e uma típica nota floral de violetas. No paladar seria encorpado, macio, com taninos maduros e aveludados, com acidez moderada e passagem por carvalho novo.

Laborum Limited Single Block Valle de Cafayate Malbec 2019 Da Bodega El Porvenir, de Cafayate, na região de Salta, no norte da Argentina. Amadurece de doze a catorze meses em barricas de carvalho francês e americano de primeiro uso, com 14% de álcool. Cor violácea. Aroma com muitas ervas, além de frutas negras maduras, madeira, especiarias. Paladar de bom corpo, com taninos finos e boa acidez. R$ 259,90, na Wine.

Luigi Bosca Malbec 2020 Da tradicional vinícola Luigi Bosca, de Luján de Cuyo, em Mendoza, com doze meses em barricas de carvalho francês e 14,5% de álcool. Rubi escuro. Aroma frutado, com notas de ameixa e violeta, toques de madeira nova. Paladar de médio-bom corpo, taninos macios. R$ 239,90, na Wine.

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Fuego Blanco Flintstone Malbec Rubi escuro violáceo. Aroma intenso, muito fresco, frutas negras bem definidas, amoras e madeira integradas e de fato uma mineralidade que lhe dá distinção e marca da região. Paladar denso, em que a fruta aparece mais que no nariz, taninos doces, finos, equilibrado e longo. R$ 205,00, na Americanas.

Publicado em VEJA São Paulo de 19 de outubro de 2022, edição nº 2811

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