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Vinho e Algo Mais

Por Por Marcelo Copello Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Especialista na bebida, Marcelo Copello foi colunista de Veja Rio. Sua longa trajetória como escritor do tema inclui publicações como a extinta Gazeta Mercantil e livros, entre eles "Vinho e Algo Mais" e "Os Sabores do Douro e do Minho", pelo qual concorreu ao prêmio Jabuti
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O teor alcoólico dos vinhos

A porcentagem de álcool nas safras registrou aumento ao longo dos anos devido a fatores como aquecimento global e técnicas de viticultura

Por Marcelo Copello
22 nov 2024, 06h00
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Rótulos: com baixo teor alcoólico (Divulgação/Divulgação)
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Um tema em voga no mundo do vinho são os naturais, os orgânicos, os biodinâmicos, os veganos e os sustentáveis. Categorias consideradas “do bem”, pela menor agressão à natureza, ao planeta, à sociedade e à nossa saúde. Pouco se fala, contudo, sobre a ovelha negra da composição do vinho: o álcool. Entre as cerca de 1000 substâncias presentes no vinho, apenas o álcool é encontrado em quantidade suficiente para causar danos à saúde.

Alguns enófilos escolhem suas garrafas pelo teor alcoólico, variando entre os que preferem menos álcool e aqueles que se encantam ao ver 15% ou 16% no rótulo. Mas será que o teor alcoólico está relacionado à qualidade? E por que alguns vinhos têm mais álcool que outros? o teor alcoólico vem mudando ao longo dos anos? É hora de esclarecer esses pontos.

O álcool se forma no vinho durante a fermentação, quando ocorre a transformação do açúcar da uva. Quanto mais madura a fruta e maior o teor de açúcar, maior será o teor alcoólico resultante. Fatores como clima e técnicas de viticultura influenciam nesse processo, com a produção em regiões mais quentes sendo, geralmente, com teores mais elevados. Técnicas de enologia, como a chaptalização, também aumentam a presença alcoólica ao adicionar açúcar ao mosto em fermentação. O álcool pode ser percebido visualmente pela formação das chamadas “lágrimas” ou “pernas” na taça. Quanto mais lágrimas, mais alcoólico é o vinho.

No paladar, o álcool é responsável pela sensação de maciez e uma leve queimação na língua, além de contribuir para a percepção de calor ao ingerir a bebida. Mas, quanto mais alcoólico, mais encorpado? Não necessariamente. O álcool contribui para a maciez, enquanto o corpo é o somatório de várias substâncias, como acidez, taninos e açúcar. Vinhos com alto teor alcoólico podem ter mais corpo, mas é possível encontrar vinhos com 14% ou 15% de álcool que não passam essa sensação.

A porcentagem tem subido ao longo dos anos. Em uma comparação de safras, notei que um vinho italiano passou de 12,5% para 14,5% em poucos anos. Esse aumento é causado por fatores como aquecimento global, técnicas de viticultura e enologia. Há algumas décadas, vinhos com mais de 13% de álcool eram raros; hoje, com técnicas modernas, é comum encontrar vinhos com 14,5%. Exceções sempre foram os fortificados, como o Porto e vinhos de sobremesa, como o sauternes, que naturalmente possuem teores mais altos de álcool devido ao seu processo de elaboração.

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E, ainda, podemos relacionar teor alcoólico à qualidade? Não necessariamente. A qualidade depende do equilíbrio entre seus componentes, como açúcares, álcool, taninos e ácidos. Um vinho pode ter uma porcentagem elevada e ainda assim ser equilibrado, desde que haja tanino e acidez suficientes para contrabalançar.

Casa de Vila Verde Alvarinho 2022 Do produtor Casa santos Lima, um vinho verde elaborado com 100% alvarinho, sem passagem por madeira. Tem cor amarelo palha claro. Aroma de média intensidade, fresco, com notas de maçã verde, abacaxi, flores. Paladar de boa acidez, com álcool baixo (12,5%), leve, agradável e refrescante. R$ 94,00, na Wine.

Verdelho o Original 2019 Do produtor António Maçanita, com uvas da ilha dos Açores, Portugal, 100% verdelho, com nove meses em tanques de aço inoxidável. Cor palha clara. Aroma fresco, com notas de limão, maçã, mel e um toque mineral salgado, como presença de maresia, nota oxidativa. Paladar leve, 13% de álcool, final de boca com nota de leve amargor que não compromete. R$ 349,90, na Evino.

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Namorico Tinto Produzido pela vinícola Parras Wine, da região de Lisboa em Portugal, é elaborado com mistura de safras das castas castelão, touriga nacional, tinta roriz. De cor granada, numa variação entre clara e escura. Aroma de médio ataque, no qual aparecem notas de frutas vermelhas maduras, ervas. Paladar leve, macio, com somente 12,5% de álcool. R$ 31,65, na Wine.

Publicado em VEJA São Paulo de 22 de novembro de 2024, edição nº 2920.

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