Como a história d’ ‘O Pequeno Príncipe’ se relaciona com o vinho
Muito mais do que um livro infantil, a obra conquistou um público de todas as idades e permite analogias com a bebida
Neste ano, celebram-se oito décadas da morte de Antoine de Saint-Exupéry e, em 2023, foram comemorados os oitenta anos da publicação de sua obra-prima, O Pequeno Príncipe (Harper Collins, 96 págs., R$ 21,90), no original, Le Petit Prince. Muito mais que um livro infantil, o teor poético e filosófico da obra conquistou adeptos de todas as idades. Com cerca de 500 edições, é o livro francês mais vendido no mundo (mais de 80 milhões de exemplares) e um dos mais traduzidos da história (180 línguas).
A obra já foi adaptada para quadrinhos, cinema, TV, teatro, ópera, rádio e até um asteróide foi batizado com seu nome. O mais importante continuam as ações sociais que o livro inspirou: hospital, fundação, faculdade e um instituto de pesquisas. O texto sucinto, com pouco mais de 90 páginas, contém infinitas entrelinhas, já analisadas sob diversas perspectivas do conhecimento humano. Por que não enxergar suas páginas pela ótica de uma taça de vinho?
A história começa com um aviador narrando seu primeiro desenho na infância: uma jiboia digerindo um elefante. Ao mostrar o desenho para os adultos, todos achavam que retratava um chapéu… Essas mesmas pessoas provavelmente veriam no vinho apenas uma bebida alcoólica.
Adulto, o piloto faz um pouso de emergência no saara. sozinho no deserto, conhece o principezinho, morador de um asteróide em visita à Terra. o pequeno pede a ele que desenhe um cordeiro e só fica satisfeito quando a imagem vira uma caixa. A mensagem é abstração, essencial na arte e na degustação de vinhos, sem a qual não reconheceríamos aromas de frutas ou flores. Assim como a caixa guarda um cordeiro imaginário, o líquido dentro de uma garrafa desperta uma emoção em cada um de nós. Um mesmo vinho evocará lírica aos poetas, componentes químicos aos cientistas ou memórias aos amantes.
No livro, o asteróide do príncipe foi descoberto em 1909 por um astrônomo turco, que só foi levado a sério após apresentar sua descoberta em 1920, usando uma elegante casaca. Todo produto é vendido também por sua embalagem, e o vinho não é exceção. o personagem também diz que “as pessoas grandes adoram os números”. Ele está certo, pois muitos apreciam seus vinhos por notas, preço, safra, teor alcoólico…
O pequeno narra ao aviador sua saga por vários planetas, onde encontra personagens curiosos. Um deles é o acendedor de lampiões, que segue ordens dogmaticamente, fazendo seu trabalho como uma máquina. não há como não pensar nas 1 000 regras que os especialistas impõem aos enófilos, esquecendo que o que há para ensinar não são regras, mas como navegar na complexidade do vinho. As analogias entre a obra e o vinho são tantas que não cabem aqui.
Para acompanhar a leitura deste texto, sugerimos alguns rótulos.
Peninsula Single Vineyard Syrah 2021 Da chilena viña ventisquero, elaborado com 85% syrah, 10% merlot, 2% tintorera e 3% carménère, com 15 meses em barricas de carvalho 80% francês e 20% americano. Rubi escuro violáceo. Aroma intenso de geleia, couro, cacau, tostado, carvalho. Paladar de bom corpo, taninos doces, acidez equilibrada. R$ 105,76, na Wine.
Designado Single Vineyard Malbec 2020 Da vinícola Los Helechos, do grupo Estância Mendoza. Elaborado com 100% malbec, com 12 meses de passagem por barricas de carvalho americano. Cor escura, com aroma de ameixa, amora, florais de violeta, baunilha. Paladar encorpado, macio, com taninos doces, acidez moderada. R$ 199,90, na Evino.
Publicado em VEJA São Paulo de 18 de outubro de 2024, edição nº 2915.
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