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Vinho e Algo Mais

Por Por Marcelo Copello Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Especialista na bebida, Marcelo Copello foi colunista de Veja Rio. Sua longa trajetória como escritor do tema inclui publicações como a extinta Gazeta Mercantil e livros, entre eles "Vinho e Algo Mais" e "Os Sabores do Douro e do Minho", pelo qual concorreu ao prêmio Jabuti
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Entenda por que a cabernet sauvignon é uma uva toda-poderosa

Resistente, a cepa rende vinhos de vários estilos e em diferentes regiões do mundo

Por Marcelo Copello
12 abr 2024, 06h00
Cabernet-sauvignon-vinhos
Cabernet sauvignon: rótulos da uva vinífera mais plantada do mundo (Divulgação/Divulgação)
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A cabernet sauvignon (CS) é hoje a uva vinífera mais plantada do mundo, com cerca de 340 000 hectares de vinhedos. Mas nem sempre foi assim. Trata-se de uma casta relativamente jovem. Enquanto outras, como a pinot noir, teriam mais de 2 000 anos, estudos indicam que a CS teria nascido no século XVII, no sudoeste da França, fruto de um cruzamento natural da tinta cabernet franc e da branca sauvignon blanc.

O avanço se deu no final do século XIX, quando a praga filoxera dizimou vinhas em todo o mundo — muitas plantações em Bordeaux, que eram de castas como carménère ou malbec, foram replantadas com a “novata”, mais resistente. Este período coincide com a ascensão de Bordeaux, que teve em 1855 sua famosa classificação dos grand crus da margem esquerda, região onde passou a predominar. Desde então, essa tornou-se a região vinícola mais importante do mundo, e com isso a CS foi universalmente disseminada.

Hoje, até prova em contrário, não existe país que faça vinho onde a casta não esteja presente. Esta é uma uva amiga do viticultor, pois seu cultivo é relativamente fácil, tem boa resistência a pragas e brotação tardia (evitando as geadas). Seu caule grosso dá resistência e é propício a mecanização da colheita. Tem bom vigor, gerando uma boa quantidade de cachos, pequenos, com bagos miúdos e de pele grossa, o que se traduz também em líquidos mais concentrados, com muita cor, tanino alto, acidez média-alta, álcool médio-alto.

Precisa de climas moderados ou quentes para amadurecer bem — moderados como o de Bordeaux geram vinhos com taninos austeros, precisando de guarda. A cepa é versátil, podendo gerar espumantes (como é comum na serra Catarinense), rosés, tintos leves e os grandes tintos de guarda.

É, ainda, excelente para blends, agregando taninos e longevidade às misturas. O mais famoso do mundo é o corte bordalês (CS, merlot, cabernet franc). Alguns dos aromas mais típicos são cassis, grafite, cedro, pimentão verde, amora, cereja preta, ameixa, menta e eucalipto. No paladar, a marca é a estrutura firme de taninos.

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Além de Bordeaux, as regiões mais reconhecidas pela qualidade de seus CS’s são Napa Valley, Sonoma, Santa Cruz Mountains e Washington State (EUA); Bolgheri-Toscana (Itália); Maipo, Colchagua e Curicó (Chile); Coonawarra, Barossa e Margaret River (Austrália); Mendoza (Argentina); Stellenbosch (África do sul); Hawke’s Bay (Nova Zelândia); e Penedés (Espanha).

No Brasil, é a tinta mais plantada, nem sempre em regiões adequadas, como a Serra Gaúcha. Vinhedos antigos e muito bem adaptados podem atenuar o clima adverso, sendo possível conseguir alguns ótimos vinhos, mas não todos os anos.

Terrunyo Cabernet Sauvignon 2017 Da Concha y Toro, em Pirque, sub-região de Maipo. 100% cabernet sauvignon, com dezessete meses em carvalho francês. Rubi escuro. Aroma intenso e frutado, com cassis, violeta, menta, balsâmicos, madeira. Bom corpo, taninos doces e de bom volume. Acidez equilibrada, 14% de álcool. Ótima tipicidade da casta. R$ 359,90, na Evino.

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La Croix 2018 Do Château Roche-Lalande, de Pessac-Léognan (Bordeaux). Corte de cabernet sauvignon, cabernet franc, merlot e petit verdot. Rubi escuro. Aroma com frutas negras maduras, tabaco, café, tostados. Boa concentração, taninos doces, boa acidez, longo, 13,5% de álcool, tem potencial para guarda. R$ 449,90, na Evino.

Château Saint Brice 2020 De saint-Émilion (Bordeaux). Com cabernet sauvignon e merlot e doze meses em carvalho francês. Rubi escuro. Notas de cassis, cereja preta, chocolate, baunilha, cedro, couro. Médio-bom corpo, com média estrutura de taninos e acidez, equilíbrio, macio, fácil de beber. R$ 199,90, na Evino.

Publicado em VEJA São Paulo de 12 de abril de 2024, edição nº 2888

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