Por que os vinhos brancos estão em alta?
No último ano, a importação de brancos premium cresceu em 20%
Um fenômeno que considero altamente positivo ocorreu no mercado no ano que passou. As categorias de vinhos brancos de preço mais alto registraram um crescimento notável nas importações, acima dos 20%.
Para efeito de análise, classificamos as faixas de preço dos importados em cinco categorias. Sempre contando o preço no atacado na origem (sem impostos, transporte etc.), com preços em dólares, por caixa de doze garrafas.
Assim, a categoria popular vai até 20 dólares (por caixa de doze), a categoria low vai de 20,01 até 34 dólares, a premium, de 34,01 dólares a 50,99 dólares, super premium de 51 dólares a 100,99 dólares e ultra premium acima de 101 dólares.
Entre 2022 e 2023, a importação de vinhos brancos cresceu 23% nas categorias premium, e mais de 25% nas categorias super e ultra premium. Mais notável ainda é saber que este desempenho foi em um ano em que o mercado como um todo caiu em cerca de 10%. Os números são da Product Audit. o
Os possíveis motivos deste movimento são, primeiro, o estoque alto dos tintos nestas mesmas categorias, que giraram menos, resultando em menor importação para a reposição de estoque. Depois, as ondas de calor, que motivam o consumo de brancos, rosados e espumantes.
Também, quem sabe, finalmente os enófilos brasileiros estão descobrindo que somos um país tropical, com uma costa imensa, suscitando o consumo de todo o tipo de vinho, para todo o tipo de ocasião, com inúmeras possibilidades de harmonização.
Por fim, o mais positivo, este aumento é um indício de amadurecimento e de sofisticação do mercado. Explico: entre profissionais, costumamos dizer que quanto mais um consumidor aprende sobre vinhos, mais educa seu paladar, mais vinhos brancos consumirá, em especial os de maior valor.
Quanto mais experiente o consumidor, mais disposto estará a pagar um valor maior pela qualidade, e mais reconhecerá a qualidade em todos os tipos de vinhos, sejam brancos, rosados, espumantes, de sobremesa e fortificados, não ficando apenas nos tintos, mas sem esquecer deles, é claro.
Casa De Vila Verde Alvarinho 2022 Do produtor Casa Santos Lima, um vinho verde elaborado com 100% alvarinho, sem passagem por madeira. Amarelo palha claro. Aroma de média intensidade, fresco, com notas de maçã verde, abacaxi, flores brancas. Paladar de boa acidez, com álcool baixo (12,5%), leve, agradável e refrescante. R$ 135,18 na Wine.
Verdelho O Original 2019 Do produtor António Maçanita, com uvas da ilha dos Açores, em Portugal, 100% verdelho, com nove meses em tanques de aço inoxidável. Cor palha clara. Aroma fresco, com notas de limão, maçã, abacaxi, flores brancas, mel, notas minerais salgadas, como uma maresia, nota oxidativa. Paladar leve e macio, ótima acidez, final de boca com nota de leve amargor que não compromete. R$ 449,90 na Evino.
Palpite Reserva Alentejano 2018 Outro vinho de António Maçanita, agora no Alentejo. Elaborado com arinto (70%) e tamarez, alicante branco, antão vaz e verdelho, com doze meses em barricas. Amarelo palha. Aroma rico, com baunilha, defumados, cítricos, limão-siciliano, strudel de maçã. Paladar de bom corpo, textura macia, boa acidez. R$ 449,90 na Evino.
Château d’AnglèS Grand Vin 2019 Propriedade sustentável na AOC La Clape, região Languedoc-Roussillon, no sul da França. Elaborado com uvas brancas da região: bourboulenc, grenache e roussane, amadurecidas seis meses em barricas. Amarelo palha-dourado. Aroma de baunilha, frutas maduras, pêssego, abricó, mel. Paladar encorpado e macio. R$ 249,90 na Evino.
Tiara 2017 Da viña Alicia, de Mendoza, na Argentina. Um blend criativo, de 50% riesling, 40% alvarinho, 10% savagnin, sem madeira. Cor palha brilhante. Aroma intenso, floral, mineral, com notas de melão, limão, pêssego, gengibre, mel. Paladar com textura macia, com excelente acidez. R$ 224,90 na Evino.
Publicado em VEJA São Paulo de 16 de fevereiro de 2024, edição nº 2880
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