Vinhos brancos cheios de perfume: conheça as chamadas castas aromáticas
Essas uvas dão bebidas com intensas notas de flores, herbáceas e cítricas
Ao analisar um vinho, um dos quesitos importantes é a intensidade do perfume. Os aromas são classificados em primários (vindos diretamente da uva, como notas de flores e frutas), secundários (do processo de transformação da uva, caso de fermentos ou carvalho) e terciários (gerados pelos anos de envelhecimento em garrafa, como aroma de couro ou cogumelos).
Há uma família de uvas que geram vinhos com mais aromas primários que outras. As chamadas “castas aromáticas” são um grupo de brancas nas quais são intensas as notas de flores, de herbáceos e de cítricos. Exemplos comuns são gewürztraminer, torrontés, riesling, alvarinho, viognier, sauvignon blanc e moscato. Essa última, na realidade, é uma família com inúmeras variações, como a muscat blanc à petits grains, moscato giallo, moscatel de alexandria, moscato de hamburgo, entre várias outras. Perfumes comuns são rosas e lichias nas moscatos, gewürztraminer e torrontés; flores brancas na viognier; cítricos e flores na riesling; herbáceos e cítricos na sauvignon blanc, por exemplo. Embora não haja uma definição legal para essa categoria, ela junta as frutas que possuem a maior concentração de terpenos, compostos aromáticos achados naturalmente nelas — a concentração na moscato, uma das mais cheirosas, é cerca de trinta vezes maior que na da chardonnay, uma não aromática, por exemplo.
As bebidas do grupo normalmente são elaboradas com fermentações a frio, em aço inox, de modo a preservar as notas primárias em vez de encobri-las com técnicas como o amadurecimento em barricas. Outras não aromáticas, como a chardonnay, ganham muito com a fermentação em barricas de carvalho, contando com suas borras finas e a fermentação malolática, que baixa a acidez e enriquece os perfumes e a textura. Os brancos de castas aromáticas vão dos mais secos aos de sobremesa, e são uma boa opção para o enófilo iniciante. Agradam fácil, têm notas prontamente reconhecíveis e são versáteis, pois podem ser apreciados sem comida ou à mesa, com uma boa variedade de pratos, como cozinha indiana, tailandesa e baiana, além de inúmeras receitas europeias e sobremesas.
Infame Reserva D.O. Valle de Limarí Sauvignon Blanc
Da chilena Viña Antagonista, com uvas do Vale do Limarí, 100% sauvignon blanc, sem madeira. De cor verdeal muito clara e brilhante. Aroma intenso e fresco, com notas de pimentão verde, aspargo, maracujá, cítricos. Paladar seco, leve, fresco, macio. R$ 41,06, na Wine.
Root: 1 Reserva Sauvignon Blanc
Da Viña Ventisquero, também chilena, com 100% uvas sauvignon blanc do Vale de Casablanca, sem madeira, com quatro meses em tanques de aço inox sobre suas borras finas. De cor branco-papel esverdeada. Aroma fresco, com notas vegetais, florais, cítricas, pimentão, aspargo, pera. Paladar leve e fresco, com boa acidez, macio. R$ 52,82, na Wine.
Susana Balbo Lujanita Torrontés
Da bodega Susana Balbo, na Argentina, 100% uvas torrontés, sem madeira, com três meses em inox em contato com as suas borras finas. De cor esverdeada clara. Aroma intenso e perfumado, com notas de maracujá, lichia, maçã verde, limão. Paladar leve e fresco, com acidez média. Bom aperitivo. R$ 88,12, na Wine.
Canceddi Viognier Sicilia DOC
Da Cantine Settesoli, da Sicília, Itália. Cem por cento viognier, sem madeira. De cor amarelo-palha clara. Aroma de boa intensidade, com notas florais, de acácia, jasmim, pêssego, maracujá. Paladar de textura macia, ponta de doçura, acidez moderada. R$ 79,90, na Evino.
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Publicado em VEJA São Paulo de 13 de julho de 2022, edição nº 2797